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Uma nova era no futebol brasileiro: Ronaldo é o dono do Cruzeiro

A adoção deste modelo de SAFs tem tudo para elevar o nível do futebol brasileiro, se houver uma gestão verdadeiramente profissional. Fora do campo e dentro dele também. E o Cruzeiro é o pioneiro nisso. Tendo um ídolo como Ronaldo à frente. Já nasceu histórico

Ronaldo foi vendido pelo Cruzeiro em 1994 e comprou o clube em 2021
Ronaldo foi vendido pelo Cruzeiro em 1994 e comprou o clube em 2021

Por Vitor Sérgio Rodrigues

Ronaldo Fenômeno, então conhecido pelo singelo apelido de Ronaldinho, explodiu para o mundo com a camisa do Cruzeiro em 1993. Quase 30 anos depois, Ronaldo retorna à Raposa fazendo história: é o primeiro dono de um clube de grande torcida e histórico de títulos do Brasil! O anúncio feito neste sábado pela manhã é o início de uma nova era do futebol brasileiro.

Ainda há muita coisa a ser definida e entendida desse novo modelo de organização que passou a existir no futebol brasileiro após a sanção da Lei 14.193/21, que permitiu a existência de uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol) no país, pelo presidente Jair Bolsonaro. O Cruzeiro é o primeiro clube desse tamanho a se aproveitar dela e agora terá Ronaldo Fenômeno como dono de 90% da SAF criada pelo Cruzeiro, por meio da empresa Tara Sports. O Cruzeiro informou que ainda faltam alguns detalhes para efetivar totalmente a operação, mas ela é dada como certa.

É evidente que esse negócio é um marco na história do futebol brasileiro, tomado por clubes endividados e estrangulados financeiramente, incluindo gigantes do país. O Cruzeiro consegue fôlego para se recuperar a situação falimentar em que se meteu, fruto de gestões temerárias e fraudulentas, segundo o Ministério Público de Minas Gerais. Ronaldo fará um aporte de R$ 400 milhões, além de assumir 90% das dívidas do clube, de cerca de R$ 1 bilhão. Ou seja, a operação toda não é só de R$ 400 milhões, envolve também o passivo (dívidas) do "Cruzeiro associação", que precisará ser pago, segunda a Lei das SAFs.

Com parte desses R$ 400 milhões, o Cruzeiro vai pagar dívidas de curto prazo (aquelas que já estão vencidas ou com vencimentos de em até um ano). Isso é vital para o funcionamento do clube no dia-a-dia. Como por exemplo, dívidas com clubes estrangeiros por contratações não pagas no passado, que geraram uma punição de perda de seis pontos no Brasileiro da Série B de 2020. Alguma parte também será utilizada para investir no departamento de futebol, principalmente em contratação de jogadores, já que a estrutura do clube continua à disposição da SAF. Segundo a apuração do blog com uma pessoa que participou da negociação, as contratações que já foram feitas tinham o "lastro" da venda da SAF para um investidor (até então não se sabia que era Ronaldo Fenômeno).

Logo, é evidente que o Cruzeiro não se voltará a ser uma potência futebolística da noite para o dia, como aconteceu com alguns clubes que foram comprados por milionários na Europa, como o Chelsea, o Manchester City ou o PSG. Se a gestão da SAF funcionar como é o previsto nos planos traçados, a Raposa voltará sim a ter um time muito competitivo no cenário nacional, mas isso não acontecerá em 2022, pois os esforços no ano que vem serão para arrumar a casa e evitar a asfixia financeira que ocorre desde 2019, fruto de erros de gestão e/ou desvios de dinheiro (segundo o MP-MG) desde o meio da década passada.

Essa ação do Cruzeiro é uma excepcional medida e dá a chance de sair da crise em que o clube se meteu. Mas ela, por si só, não é garantia de sucesso. Já tivemos um modelo de clube empresa no Brasil, no início do século, e isso não foi garantia de melhoria (Bahia e Vitória sabem bem disso...). No fim dos Anos 90, tivemos vários investidores presentes no futebol brasileiro, em vários clubes (o próprio Cruzeiro teve a Hicks Muse como parceira), mas a mediação entre a forma empresarial em tomar decisões sucumbiu ao arcaico modelo associativo. No popular, a "turma da piscina" expulsou a "turma dos engravatados" dos clubes. É preciso entender que a SAF do Cruzeiro não fará milagres. Só vai dar certo de a noção de "empresa" for levada de fato para a gestão da entidade.

A adoção deste modelo de SAFs tem tudo para elevar o nível do futebol brasileiro, se houver uma gestão verdadeiramente profissional. Fora do campo e dentro dele também. Neste momento, há vários outros clubes em uma situação financeira tão delicada quanto a da Raposa sabendo que precisam se mexeri para viabilizar isso. E o Cruzeiro é o pioneiro nisso. Tendo um ídolo como Ronaldo à frente. Já nasceu histórico.

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