Se até Messi se vaia
Vivemos dias difíceis. A única memória que se tem é no HD do computador. "Respeito" é só um substantivo abstrato. Mais abstrato do que substantivo.
Por Mauro Beting
Pelé, que é Pelé, já foi criticado. E não foi pouco no Santos.
Mas não foi vaiado. Eram outros tempos. Duros, também. Mas não tão impacientes e imediatistas.
Ele foi cobrado. Mas não execrado.
Como foi vaiado Messi, no sábado, no Francês, depois de o PSG ter derretido a partir da falha de Donnarumma em Madri, e de pálida atuação do camisa 30 que mais uma vez não se virou nos 30 e nem em 90 minutos.
Quando o serviço de som do Parque dos Príncipes anunciou o maior jogador deste mundo, ele foi vaiado como se fosse adversário.
Como Neymar também foi. Mas já havia sido muito pior em 2018, quando ficou naquele sai-não-fica no PSG, e conseguiu reverter a bronca como se deve: pela bola.
Em dias de impaciência e intolerância, o que aconteceu (e não apenas com os ultras) com Messi não causa espanto. Por mais que ele nunca tenha sido assim cobrado na Argentina (embora só tenha a Copa América no Maracanã como título na principal), ele nunca passou por nada nem parecido no Camp Nou.
Messi já superou tudo e todos. Mas nunca precisou driblar os próprios.
O que será depois dessa DR em público com o povo do Paris, não só a bola irá responder.