Imagem ilustrativa na TNT Sports

É agora que a história é escrita! Assista a TODOS os jogos do mata-mata da Champions League AO VIVO!

ASSINE JÁ
Blogs

Pelé: por Pelé e pelo mundo

A maior coleção de frases ditas por Pelé e a respeito de Pelé. Trabalho começado há 23 anos, usado na curadoria do Museu Pelé, e ainda aberto.

Arte: Thiago Rocha ART; criação: Mauro Beting
Arte: Thiago Rocha ART; criação: Mauro Beting

Por Mauro Beting

Ele.

Walter Abrahão, narrador brasileiro, quando falava de Pelé, nas transmissões pela TV Tupi.

Um verdadeiro garoto, o meu personagem da semana anda em campo com uma dessas autoridades irresistíveis e fatais. Dir-se-ia um rei, não sei se Lear, se imperador Jones, se etíope. Racialmente perfeito, do seu peito parecem pender mantos invisíveis. Em suma: — ponham-no em qualquer rancho e a sua majestade dinástica há de ofuscar toda a corte em derredor. O que nós chamamos de realeza é, acima de tudo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: — a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Nelson Rodrigues, o Pelé da dramaturgia brasileira, o primeiro a destacar a realeza de Édson Arantes do Nascimento, em coluna em 8 de março de 1958, elogiando a atuação do Rei em jogo do Santos contra o América. Três meses antes da conquista da primeira Copa, na Suécia.

O maior gol que eu marquei na minha carreira foi a tabelinha que fiz com a minha mulher Celeste para conceber o nosso filho. Dondinho, o pai.

Eu nunca achei que ia ser grande. Te juro por Deus! Pelé.

Quando eu era criança, em Bauru, eu pegava a bola e driblava e tirava um sarro dos moleques. Meu pai Dondinho me chamou um dia e me deu uma bronca. Falava para eu parar de menosprezar os adversários porque aquele dom que eu tinha Deus havia me dado. Eu não tinha mérito algum para jogar daquele jeito. Eu nasci com aquilo. Eu não tinha comprado nada, não tinha suado para ter aquela qualidade. Mas, se eu quisesse ser um jogador de futebol, meu pai me falou para eu cuidar do meu dom. Eu teria que treinar muito, dormir cedo, comer bem. Essa foi a pauta da minha carreira. Sempre me preparei muito, sempre fui muito perfeccionista. Por isso, quando eu tinha folga, eu ia treinar na Vila Belmiro. Por isso que eu fui quase igual ao meu pai de cabeça. Meu pai me falava: “enquanto você não estiver cabeceando bem e chutando de esquerda, não venha falar comigo”. E meu pai foi um ótimo atacante. Essa conversa pautou a minha carreira. Pelé, em entrevista a Dudu Braga, filho do Rei Roberto Carlos.

O menino Dico gostava de ver jogar o goleiro do Vasco de São Lourenço, em Minas. O Bilé. O garotinho Édson gostava de jogar no gol e gritava “Bilé”. E os amiguinhos ouviam “Pelé”. Ou ele falava algo mais para Bilé do que para Pelé. E eles começaram a chamar o Dico de Pelé. Ele não gostou do apelido. Aí é que pegou mesmo. E, para sorte dele e do mundo, virou Pelé. Virou adjetivo. Virou substantivo. Virou tudo. Cláudio Zaidan, jornalista esportivo brasileiro.

Deus me livre! Jogador de futebol que nem seu pai?! Você vai estudar e ser professor, meu filho! Dona Celeste, mãe de Édson, antes de o filho ser um rebento mal-educado e ir jogar em Santos, em 6 de agosto de 1956.

Meu pai foi meu maior torcedor e o meu melhor professor. Foi para ele que fiz a promessa mais importante da minha vida. Eu não tinha 10 anos quando vi meu pai chorando do lado do rádio com a derrota para o Uruguai na Copa de 1950. Naquele dia eu prometi a ele que ganharia uma Copa do Mundo. O menino Dico não cumpriu a promessa feita a Dondinho: ganhou três Copas, não apenas uma.

O meu sonho de criança era ser um jogador igual ao meu pai. Pelé.

Nasci para jogar futebol. Pelé.

Acho que todo esse sucesso, todas essas vantagens e vitórias da minha vida, eu comecei a aprender quando eu era criança. Pelé.

Onde se aprende a jogar futebol é na rua. No quintal. Foi assim comigo. Pelé.

Estava cortando cabelo no barbeiro em frente à Vila Belmiro quando o Waldemar de Brito, craque do Brasil na Copa de 1934, chegou ao meu lado e apresentou um menino magrinho que estava com ele: “Pepe, este é o Pelé. Ele vai ser o maior jogador do Brasil!”. Eu queria rir, mas fiquei na minha. Mas fiquei impressionado com o olhar e o aperto de mão firme de alguém tão jovem e tão magro. Hoje eu só quero dizer ao Waldemar lá no céu: “você estava totalmente errado, meu amigo. O Pelé não é o melhor do Brasil. É o melhor do mundo. E do planeta de onde veio o Pelé”. Pepe, 405 gols, o maior artilheiro humano do Santos FC.

O Santos sempre estará em meu coração. É onde minha história começou. Sempre serei grato ao meu clube. Pelé.

Quem é Pelé? Você está brincando comigo. Antonio Calçada, dirigente do Vasco, recusando contratar Pelé, 14 anos, em 1955.

A camisa 10 do Santos era indiscutivelmente minha. Até a chegada vindo de Bauru de um pretinho com pernas que pareciam duas varetas e que entrou para a história como Pelé. Vasconcelos, meia do Santos em 1956.

Luisinho avançando com a bola cedeu a Tite num passe curto. O ponteiro-esquerdo, já dentro da área, passou curto para Pelé, que atirou rasteiro, de pé direito, para as redes de Carrizo. Descrição de “O Globo” do primeiro gol de Pelé pela Seleção Brasileira, em sua estreia pelo Brasil, no Maracanã, aos 31 minutos do segundo tempo. No minuto seguinte, a Argentina fez 2 a 1, em jogo válido pela Copa Roca. No gol, Pelé recebeu o passe de um colega de Santos. E substituiu outro (o meia Del Vecchio). Na avaliação do jornal carioca, “Pelé começou bem no segundo tempo, dando vida nova ao ataque, mas depois caiu de produção”.

Pelé foi a grande figura nos dois tempos, surgindo, aliás, como o principal valor em campo, quer pela técnica com que se conduziu nas jogadas, quer pela precisão nas fintas e nos remates. Jovem como é, o atacante santista está destinado a ser um notável futebolista. Texto de “O Estado de S.Paulo”, na estreia de Pelé pela Seleção, de 7 de julho de 1957, na derrota para a Argentina por 2 a 1, pela Copa Roca. Pelé usou a camisa 13.

Os jornais do Brasil só falavam dessa revelação que não tinha nem 17 anos. Quando o vi em campo, no Maracanã, eu me assustei: “como alguém tão magrinho, uma criança ainda, vai jogar todo esse futebol que os brasileiros estão falando”? Ganhamos o jogo. Ele fez o gol do Brasil. E confesso: eu estava totalmente errado. Era o Pelé. Angel Labruna, um dos maiores craques da história do River Plate, nos anos 1940-50, falando da estreia de Pelé pela Seleção, no Maracanã, em 1957.

O argentino é engraçado. Você chega lá e eles discutem se o Di Stéfano foi melhor que o Maradona. Depois falam do Sívori e do Labruna. Acho que primeiro eles têm que decidir quem é o melhor da Argentina. Pelé, em 2005.

Hoje, até uma cambaxirra sabe que Pelé é imprescindível na formação de qualquer escrete. Na Suécia, ele não tremerá de ninguém. Há de olhar os húngaros, os ingleses, os russos de alto a baixo. Não se inferiorizará diante de ninguém. E é dessa atitude viril e, mesmo, insolente, que precisamos. Sim, amigos: — aposto minha cabeça como Pelé vai achar todos os nossos adversários uns pernas de pau. Por que perdemos, na Suíça, para a Hungria [em 1954]? Examinem a fotografia de um e outro time entrando em campo. Enquanto os húngaros erguem o rosto, olham duro, empinam o peito, nós baixamos a cabeça e quase babamos de humildade. Esse flagrante, por si só, antecipa e elucida a derrota. Com Pelé no time, e outros como ele, ninguém irá para a Suécia [em 1958] com a alma dos vira-latas. Os outros é que tremerão diante de nós. Nelson Rodrigues, na crônica em a “Manchete Esportiva” em que pede a convocação de Pelé para a Copa de 1958, em 8 de março.

O Pelé era completo desde os 17 anos. Mario Jorge Lobo Zagallo, bicampeão mundial pelo Brasil ao lado de Pelé, em 1958-62, e treinador do Rei no tri mundial, em 1970.

Comemore sempre. Não importa quantos gols você marque, comemore cada um como se fosse o primeiro. Pelé, que marcou 1.281 gols em 1.363 jogos, de 1956 a 1977.

O futebol seria muito menor sem Pelé. Vitor Sergio Rodrigues, jornalista esportivo brasileiro.

Em quase todos os campos do saber e fazer humano tem um craque único. Um Pelé. O Pelé é o Pelé do futebol. Mauro Beting, jornalista esportivo brasileiro, pesquisador e editor desta compilação de frases.

A perfeição não é humana. Pelé é exceção. Tostão, craque, campeão mundial com Pelé, em 1970.

Pelé foi o único que atingiu a perfeição. Djalminha, craque, filho da arte e de ex-companheiro de Santos e de Brasil - o zagueiro Djalma Dias.

A finta é questão de espaço – sugere que o caminho é por aqui, quando na verdade será por lá. Pelé também era capaz de fazer o diabo com o tempo. Um dos seus movimentos mais típicos era abrir o compasso das pernas, deixando a bola no centro delas, enquanto os defensores, como uma matilha de lobos, se aproximavam de todos os lados, prontos para o bote. Pelé então inclina o corpo, anunciando a arrancada – que não vem. A perna de controle – que pode ser a direita ou a esquerda, pois ele tinha as duas – se aproxima da bola, mas nada faz, vibra apenas, afirma a potência sem entregar o ato. É como um respiro no tempo, uma pausa – uma pausa não, uma suspensão. Lembra a fermata musical, aquele momento em que, na tensão crescente, a orquestra interrompe a música e produz um hiato – o silêncio antes da resolução. Pelé faz isso com o jogo. Os outros 21 jogadores, talvez hipnotizados, talvez com medo de tomar a decisão errada, são forçados a parar, como se num tableau vivant. Tudo é interrompido e reorganizado segundo o desejo de Pelé. Ele faz com o tempo e o espaço o que a gente faz com um chiclete: comprime, expande, estica, aperta. João Moreira Salles, documentarista brasileiro.

A beleza e a inteligência do corpo em ato, mais o olho de lince e a imprevisibilidade do pulo do gato, faziam com que Pelé parecesse funcionar numa frequência diferente da dos demais jogadores, assistindo em câmera lenta ao mesmo jogo do qual estava participando em alta velocidade, enquanto outros, em torno dele, pareciam estar, tantas vezes, assistindo ao jogo em alta velocidade e jogando em câmera lenta. José Miguel Wisnik, polivalente brasileiro.

Pelé era uma força da natureza. Ele chovia, ventava, trovejava, relampejava. Seus passos eram límpidos, exatos, macios. Ou fazia ou dava os gols. Nelson Rodrigues, cronista brasileiro.

Para minha sorte, isso aconteceu – de me apelidarem a Enciclopédia do Futebol - antes de o Pelé e o Garrincha surgirem... Caso contrário, eu seria apenas o Nílton Santos para sempre. Nilton Santos, o Pelé da lateral-esquerda, conhecido como a Enciclopédia do Futebol, foi Botafogo de 1958 a 1964.

Só existem duas silhuetas que são reconhecidas por qualquer um. Uma garrafa de Coca-Cola e o rosto do Pelé. Erich Beting, jornalista brasileiro.

Não dá para dizer quem era o melhor porque jogavam em posições diferentes. Nilton Santos, a Enciclopédia, evitando comparar Pelé e Garrincha, compadre do lateral do Botafogo.

Pode haver um outro Pelé. Mas um outro Garrincha, nunca mais. Ele era o que era porque tinha um joelho para dentro e outro para fora. Hoje, qualquer posto de saúde corrige o problema que ele tinha. Osmar de Oliveira, médico e jornalista.

Pelé podia virar-se para Michelangelo, Homero ou Dante e cumprimentá-los com íntima efusão: - como vai, colega? Nelson Rodrigues, cronista.

Qualquer pesquisa feita nos últimos 1.500 anos e nos próximos 7 milhões de anos dará Pelé como melhor atleta de todos os séculos. Milton Neves, jornalista esportivo brasileiro.

Dizem que as piores coisas feitas na vida são com os pés. Provavelmente são pessoas que não viram Pelé jogar. Fausto Gioacchino, jornalista italiano.

Sempre me neguei a escalar uma Seleção Brasileira de todos os tempos. Mas, numa seleção mundial, seriam titulares absolutos Domingos da Guia, Pelé, Leônidas da Silva e Nilton Santos. Zizinho, craque dos anos 1940-50, maior ídolo de Pelé.

Se eu fui um bom espelho para você, isto me enche de orgulho. Mas se eu tivesse que recomeçar na carreira, eu teria que aprender com você, Pelé. O reflexo do seu espelho foi muito mais forte. Zizinho, gênio brasileiro.

Eu fui craque. Ele, gênio. Leônidas da Silva, o Diamante Negro. Comentarista da Rádio Pan-Americana na Copa de 1958, ele criticava muito Pelé por ser “individualista...”

Ele era brilhante. Mas nunca se viu ele fazer uma brilhatura só pela brilhatura. A jogada espetacular do Pelé era sempre um meio para chegar mais rapidamente ao fim, que era o gol. Se para chegar no gol adversário ele ia reinventando o futebol pelo caminho, melhor para nós. Luis Fernando Verissimo, Pelé do texto com humor no Brasil.

O que eram certas jogadas de Pelé se não cínicos e deslavados milagres? Nelson Rodrigues, cronista brasileiro.

Não posso crer que o que vi hoje seja futebol. Estou totalmente assombrado. Nunca vi um jogo tão bonito de um time. Devíamos buscar outras palavras para definir o que fizeram Pelé, Garrincha e seus companheiros do Brasil. Gavril Katchalin, treinador da URSS derrotada pelo Brasil na Copa de 1958, na estreia de Pelé e Mané juntos, em Mundiais, pela Seleção.

Eu não dormi de tão nervoso na final da Copa de 1958. Tremi quando tocou o Hino Nacional. Quase chorei. Eu ainda tremia com 15 minutos, mas o Zito e o Didi me acalmaram. Quando acabou o jogo, senti que não sairia mais do time. Pelé.

Quanto mais difícil a vitória, maior a felicidade em vencer. Pelé.

Após o quinto gol, eu queria era aplaudi-lo. Sigge Parling, zagueiro sueco, na final da Copa de 1958. Vice mundial muito por causa de Pelé.

Quando eu vi Pelé jogar, cogitei pendurar minhas chuteiras. Just Fontaine, goleador francês nascido no Marrocos, é o maior artilheiro em uma única Copa: marcou 13 gols em 6 partidas no Mundial de 1958. A França perdeu na semifinal para o Brasil por 5 a 2. Três gols Dele.

Deus quis que ele ficasse na Suécia mesmo machucado, e está surgindo o maior jogador de futebol do mundo. Paulo Machado de Carvalho, o Marechal da Vitória, chefe da delegação do Brasil na Copa de 1958.

O rei. Revista “France Football”, depois da Copa de 1958.

Me chama de Pelé! Moacir, reserva de Didi na Copa na Suécia, abraçado a uma loira “de parar o trânsito”, na definição do jornalista esportivo Armando Nogueira, quando este veio cumprimentar o meia-direita do Brasil, numa festa em Estocolmo.

Todos os jogadores se queixam que depois de jogar é difícil transar. Eu ficava com mais tesão ainda. Pelé.

Se eu também fosse bonito, ninguém iria saber quem foi Pelé. George Best, “o quinto Beatle”, craque norte-irlandês.

Porque o Brasil, país de um racismo endêmico e desgovernado, sempre travestiu de piada e deboche o que é, na verdade tensão social, e Pelé, Garrincha, o futebol, o futebol destes mestres, foi, antes de tudo, insolente. Às vezes o Brasil quis dar a conta das tensões sociais para o futebol pagar, e talvez tivesse conseguido se, em 1958, um menino de 17 anos, ao lado de outro menino de pernas tortas, um negro e um índio, não tivessem imposto o devido respeito em uma final de Copa. Leandro Iamin, jornalista brasileiro.

Meu maior sonho agora é dar Pelé de presente ao Real Madrid. Ele pode ser algo grandioso ao futebol mundial. Santiago Bernabéu, presidente do Real Madrid, em 1960.

Sem eurocentrismo. Pelé não jogou no Velho Continente porque não quis, nem era preciso. Na verdade, seria um empecilho para servir à seleção fora do período de Copa do Mundo. André Rocha, jornalista esportivo brasileiro.

Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento. Nelson Rodrigues, cronista pelezista.

Tenho plena convicção de uma coisa ao vê-lo jogar: Pelé não existe. Armando Renganeschi, zagueiro e treinador argentino.

Ninguém no mundo fez tantas coisas como Pelé. E, mesmo assim, nunca alguém foi tão simples e humilde como Pelé. Lima, coringa do Santos, e que jogava no Juventus na partida em que Pelé marcou seu mais belo gol, na rua Javari, em 1959.

Negrinho, pretinho, crioulo. Era assim que chamavam Pelé, sem nenhum viés de racismo ou preconceito. Não passava de um jeito de se referir a um jovem de pele escura numa época em que nem sequer se supunha que isso no futuro seria inaceitável. Jogavam Santos e Juventus pelo Campeonato Paulista, em 2 de agosto de 1959, na Rua Javari. Aos 40 minutos do segundo tempo, ele deu um, dois, três, quatro chapéus em sequência nos adversários que lhe apareceram pela frente, sendo o último deles no goleiro Mão de Onça, e cabeceou para as redes. Foi provavelmente o mais belo gol da história do futebol. Até aquele momento da partida, Pelé estava sendo vaiado. Com raiva, correu em direção aos alambrados, gritou palavrões e festejou sua inacreditável proeza desferindo um soco no ar com o punho cerrado. Criou na hora, sem pensar, o gesto que que seria sua marca registrada nas comemorações. Carlos Maranhão, jornalista brasileiro.

Fácil era jogar contra o Pelé. Não tinha muito o que fazer para parar suas jogadas. Duro mesmo era jogar ao lado Dele. Se o Pelé errasse um passe ou um lance não desse certo, a torcida e a imprensa achavam que a culpa era do companheiro Dele, que eventualmente não tinha entendido a jogada do Rei. Coutinho, o melhor companheiro de ataque de Pelé, bicampeão da América e do mundo pelo Santos, em 1962-63.

Mais de 50% dos gols que fiz no Santos foram em parceira com Coutinho. Nessa vida, ninguém faz nada sozinho. E se não tivermos parceiros à altura, nada acontece. Pelé, em depoimento ao narrador esportivo Carlos Fernando, autor da biografia de Coutinho.

Se estivesse na plateia, eu também bateria palmas para o segundo gol de Pelé. Pinheiro, zagueiro do Fluminense, quando sofreu o que viria a ser o Gol de Placa, em 5 de março de 1961. Quando todo o Maracanã aplaudiu o golaço de Pelé, desde a intermediária alvinegra.

Eu não podia. Mas a minha vontade era de abraçar o Pelé depois do gol. Olten Ayres de Abreu, árbitro do jogo no Maracanã, o do Gol de Placa.

Neste campo, no dia 5-3-1961, Pelé marcou o tento mais bonito na história do Maracanã. Texto da placa do que viria a ser conhecido como Gol de Placa. De autoria do jornalista brasileiro Joelmir Beting, pai do editor deste texto. Ele era repórter e colunista do jornal “O Esporte”, e teve a ideia da homenagem junto com o editor Walter Lacerda.

Eu gostaria de te dar uma lembrança desde o meu aniversário, em 23 de outubro (do ano passado). É esta placa... Deixa eu ler o que está escrito: “ao Joelmir Beting, idealizador da placa do “Gol de Placa”, o reconhecimento de quem fez o gol. Minha gratidão por essa homenagem eterna”. Abaixo do texto, à esquerda da placa ofertada por Pelé a Joelmir Beting, estava escrito “Rio de janeiro, 5 de março de 1961”, e, à direita, “Santos, 23 de outubro de 1999” – aniversário de 59 anos de Pelé.

Nunca tenha vergonha de comemorar nada em sua vida. Celebre como se fosse um gol de placa. Pelé.

O que mais sinto saudade no futebol é o abraço depois do gol, a celebração dos companheiros, a risada com os amigos. A alegria de fazer o que se ama com colegas, que também são apaixonados, para a alegria de milhões de fanáticos é indescritível. Pelé.

Pelé colocou o Brasil no mapa. Tati Mantovani, jornalista esportiva brasileira.

Pelé é um tesouro nacional não-exportável. Janio Quadros, presidente do Brasil, em 1961.

Voltou o Pelé e está parado na ponta direita, sem função. Parece até o Tancredo Neves. Stanislaw Ponte Preta, comentando Brasil 0 x 0 Tchecoslováquia, pela primeira fase da Copa de 1962. Pelé estava machucado e fazendo número em campo, e não voltaria mais a atuar naquele Mundial. Tancredo Neves era o primeiro-ministro brasileiro.

“Mamãe, me leve no Maracanã numa tarde linda de sol / Eu quero ver um rei jogar futebol”. Canção “Rei Pelé”, de Wilson Batista, Luiz Wanderley e Jorge de Castro, de 1961.

O Pelé tinha se machucado. Eu o substituí no terceiro jogo contra a Espanha. Fiz os dois gols da vitória (2 a 1), de virada. Aí, naquela festa toda, eu estava tomando banho no vestiário do Sausalito e, de repente, ele põe as mãos nos meus ombros. Pelé estava ali para agradecer pela minha atuação e compartilhar a alegria pela vitória. Ele sempre se preocupava em criar um ambiente alegre. Era amigo de todos. Amarildo, o Possesso, bicampeão mundial em 1962.

Pelé é o reflexo do reflexo. Mauro Ramos de Oliveira, zagueiro do Santos, capitão do Brasil bicampeão mundial em 1962.

Eu entrei em campo para enfrentar um grande homem e um espetacular jogador. Mas saí convencido do estádio que havia sido derrotado por um ser de outro planeta. Costa Pereira, goleiro do Benfica, que foi derrotado pelo Santos por 5 a 2, no Estádio da Luz, em Lisboa, na final do Mundial de Clubes de 1962. No dia em que, segundo um jornal português, “o Santos ficou os primeiros 45 minutos sem tocar os pés no relvado”.

Pelé é o supercraque. Ele tem facilidade, variedade, velocidade e potência. Acima de tudo, Ele é sério. Joga sempre para ganhar. Isso que o diferencia. Alfredo Di Stéfano, gênio argentino, o Pelé do Real Madrid.

É um jogador humano e divino ou mais divino que humano. Nelson Rodrigues, cronista brasileiro.

Tudo que Pelé fez jogando futebol Ele fez em gramados horríveis, com bolas pesadas e bicudas, e apanhando o tempo todo, sem a proteção da arbitragem. Como a bola colava no pé Dele, só Ele para explicar. Geninho, goleiro e treinador de futebol.

Sucesso não é um acidente. É trabalho duro, perseverança, aprendizado, estudo pesado, sacrifício. E, acima de tudo, amor pelo que a gente faz. E por aquilo que a gente está aprendendo a fazer. Pelé.

Quando eu via o Pelé em campo, eu achava que Ele tinha 2 metros. E só tinha 1m72. Aquela camisa brilhava com Ele. Oswaldo Paschoal, jornalista esportivo brasileiro.

A minha mãe, Dona Esmeralda Lima, também é de Três Corações e, desde pequeno, eu já tinha uma idolatria pelo Rei. Essa eu nunca revelei para ninguém, mas quando fui adotado, vivia em um dilema. Nos anos 60, meu pai era treinador daquele timaço do Botafogo com Garrincha, Quarentinha, Zagallo, Didi e Nilton Santos, e travava um dos maiores clássicos de todos os tempos com o Santos de Pelé, Mengálvio, Pepe, Coutinho e cia. Natural era torcer para o time do meu pai. Mas a admiração por Pelé me deu uma grande dúvida. Paulo Cézar Caju, tricampeão mundial com Pelé em 1970.

Pois bem. Se Dostoiésvski estivesse anteontem no Maracanã havia de bramar: – “Se Pelé pode ser vaiado, tudo é permitido’". Apuparam o negro. E se Pelé pode ser crucificado em vaias, cessam todos os valores morais. Podemos invadir berçários e esganar criancinhas. Nelson Rodrigues, em crônica em 1966, depois das vaias da torcida no Maracanã ao Brasil e a Pelé depois da vitória sobre o Chile, em 19 de maio.

Eu acho que não vou jogar a Copa de 1970. Já deu para mim. Pelé, em 1966, depois de o Brasil ter a pior campanha em Mundiais desde 1934, e ele ter apanhado muito nos dois jogos que disputou.

No futebol, muitas vezes não é o melhor que é campeão, muitas vezes a sortezinha ajuda. Pelé.

Tanto o governo da Nigéria quanto a República Independente de Biafra aceitaram uma trégua na guerra civil. Para permitir que um clube de futebol, o Santos de Pelé, pudesse fazer duas partidas amistosas na área em conflito. Durante 72 horas, o futebol foi mais importante do que a guerra. Reportagem da revista norte-americana “Time” sobre os dias em que Pelé e o Santos FC realizaram um cessar-fogo na África, em 1969.

O Maracanã enchia para ver o Pelé jogar, não importava contra quem. Um caso raro no mundo de jogador que tinha sua torcida particular, muito maior do que a torcida do seu clube. Luis Fernando Verissimo, escritor gaúcho, morou no Rio e ia ao Maracanã ver Pelé.

Analisar o passado é importante. Foram muitas vitórias na minha carreira. Mas nada me dá mais orgulho do amor que recebo de vocês. Essa é a minha maior conquista. Instagram do Pelé.

Estava morrendo de medo de bater o pênalti do milésimo gol. Pelé.

O mundo precisava estar parado como a bola para ver o milésimo gol de Pelé. Armando Nogueira, na crônica de 1969, exaltando o fato de o gol de Pelé ter sido marcado de pênalti, contra o Vasco, clube do coração do menino Dico, nos anos 1940, em 19 de novembro de 1969.

Neste momento feliz da minha vida, quero lembrar as crianças pobres, necessitadas de uma roupa usada. De um prato de comida. Ajudemos as criancinhas desafortunadas. É o apelo que eu faço neste momento de alegria. Pelé, em 19 de novembro de 1969, 2min40s depois de marcar o milésimo gol na carreira, no Maracanã, às 23h23m de 19 de novembro de 1969.

Que me desculpem, mas só fala no fim de Pelé aquele que não carrega futebol no seu coração. Amigos, poupem-se. O próprio Pelé já anunciou que vai parar em dois ou três anos. (...). Agora, por favor, quando forem a um campo de futebol e a bola correr para um camisa 10, que não será mais Pelé, não venham chorar as grandes jogadas, as maravilhas criadas e guardadas com carinho por um homem que apenas fez engrandecer o futebol. E, por favor, não digam: “no meu tempo é que o futebol era futebol. Vocês precisavam ver o Pelé jogar…” Michel Laurence, jornalista esportivo, em março de 1970.

O tempo é uma convenção que não existe nem para o craque, nem para a mulher bonita. Existe para o perna-de-pau e para o bucho. Na intimidade da alcova, ninguém se lembraria de pedir à rainha de Sabá, a Cleópatra, uma certidão de nascimento” Nelson Rodrigues, em crônica em que defendia Pelé de quem o achava “velho” em 1970.

Eu gostaria de encerrar minha carreira no Santos. Mas se não for possível, vou pro México. A cada 15 dias recebo uma proposta de lá. Pelé, antes da Copa de 1970.

Jesus estava vendo o jogo do Brasil contra a Tchecoslováquia na companhia de São Pedro. Quando eu chutei a bola, Jesus soprou a bola para que ela fosse para fora. São Pedro perguntou o porquê daquilo. Jesus respondeu: “esse gol aí ele não vai fazer, não. Esse aí, do meio-campo, só quem pode fazer sou Eu”. Pelé, a respeito do lance em que tentou encobrir o goleiro tchecoeslovaco Viktor, na vitória brasileira por 4 a 1, na estreia da Copa de 1970.

Havia 70 mil pessoas no estádio. Mas só o Pelé viu o Viktor adiantado. “Daily Mirror”, jornal inglês, em 1970.

Pelé, vai pra puta que o pariu, Negão!!! Que porra é essaaa... CARALHO! Gerson, o Papagaio, reclamando quando Pelé chutou do meio-campo a bola que quase entrou na meta da Tchecoslováquia. Lance que Ele havia tentado em dois jogos do Brasil antes da Copa de 1970. E que treinava bastante no Santos.

Pelé tentou fazer o gol mais lindo e sensacional que eu já vi na vida. Ou melhor, que eu não vi... Pedro Carbajal, narrador mexicano, comentando o gol não feito contra o goleiro Viktor, em 1970.

Esse era o Pelé. Dava moral e pedia seriedade quando era preciso. O nosso time fazendo desta no vestiário depois da virada e goleada na estreia da Copa de 1970. O Rei chegou, bateu palmas, e falou grosso: “O resultado foi bom, mas para ser campeão do mundo, temos de melhorar muito. Eu sei do que estou falando”. Depois do recado, Pelé sentou do meu lado e falou baixinho: ‘O nosso time foi bem, mas tive de falar isso porque algum jogador já pode se achar campeão antes da hora e aí já viu, né”. Wilson Piazza, zagueiro tricampeão mundial no México.

Quando o Jairzinho cruzou, eu estava voltando em direção à meta. Ao ver a trajetória da bola, tive a absoluta certeza de que ninguém a alcançaria, pela altura e velocidade. Foi aí que surgiu Pelé, saltando de uma maneira impressionante para alcançar a bola. Gordon Banks, goleiro da Inglaterra, que fez a defesa do século nesse lance, no segundo jogo da Copa de 1970. Vitória brasileira por 1 a 0.

Eu marquei mais de mil gols na minha carreira. Mas o que as pessoas mais me perguntam é um com que eu não marquei por causa do Banks. Pelé, que não gostava de falar sobre esse não-gol, e outros lances de Pelé no Mundial de 1970: ao tentar encobrir o goleiro da Tchecoslováquia e mandar a bola para fora, e o drible-da-vaca contra o Uruguai.

O Mazurkiewicz fez uma saída perfeita da meta no lance. Mas, contra o Pelé, não basta ser perfeito. Barbosa, goleiro do Brasil na Copa de 1950, comentando a respeito do drible-da-vaca de Pelé, no final de Brasil 3 x 1 Uruguai, na semifinal da Copa de 1970.

“O dia em que Pelé desafiou Deus”: Pelé se projetando da meia direita feito um bicho, uma pantera com sangue de guepardo. (...). Pelé correndo em direção a uma bola branca, mas aí vem o goleiro e agora a bola está entre Pelé e o goleiro, mais perto do grande crioulo mas cada vez menos, porque o goleiro, aliás o famoso Mazurkiewicz, o goleiro resolve ir à luta e sai com tudo da área, não quer nem saber. Nosso instinto diz que o Pelé vai chegar antes do Mazurka, não diz? Mas vai ser por pouco. O quíper uruguaio faz o que pode, entra no semicírculo um milésimo de segundo antes do Pelé, mas não a tempo de interceptar a bola. Esta fica entre os dois e nós voltamos a sentir, como o Mazurka também sente, que está mais para o negão que vem no embalo. O que o bom goleiro da Celeste faz é se ajoelhar e, mesmo já estando fora da área, que remédio, abrir os braços. (...). Ninguém precisa ser telepata para saber que ele torce para o Pelé buscar o gol dali mesmo, é o que faria a maior parte dos atacantes, porque nesse caso teria uma chance de impedi-lo. Só pode rezar para que o brasileiro não faça o que um jogador da envergadura dele provavelmente vai preferir fazer, isto é, cortar o goleiro para a esquerda, coisa fácil na passada em que vem, movimento que levaria a das duas, uma: ou o goleiro agarrar faltosamente as pernas do Pelé ou o Pelé concluir de canhota para o gol aberto ou quase, defendido só pelo zagueiro que, não demora, vai entrar no quadro esbaforido feito quem está prestes a perder o último trem e acabar às cambalhotas pelo chão. O nome desse infeliz era Ancheta. Só para constar. (...). A bola é passada pelo Tostão e, aí é que está, Pelé já é Pelé. Está farto de saber que é um mito, um semideus, o que tem a perder tentando ser um deus completo? Aí ele não faz o certo, faz o sublime. Troca o caminho batido do gol, o gol certo que tinha feito tantas vezes, pelo incerto que, como veremos, jamais faria. Na sua recusa em tocar na bola feito um Bartleby súbito, Pelé refinou o futebol à sua essência mais rarefeita. O futebol virou ideia pura e de repente homens, bola, ninguém mais se comportava como seria de esperar que se comportasse neste mundo vão. Apanhado de surpresa como todos nós, o pobre Mazurka vê a bola passar à sua esquerda e ir cortar feito faca o filé direito da grande área, enquanto Pelé é um flash auriceleste que chispa para o lado oposto. No tubo de imagem, o goleiro uruguaio dá as costas para a bola, tem um joelho no chão e o pescoço torcido para a direita, olhando o atacante que vai embora, como se tivesse passado uma ventania. E à esquerda do quadro, distante demais da bola, já dentro da grande área e mais borrado do que nunca, Pelé começando a modular os pés para mudar de rumo. O que o Pelé tem que fazer agora é bem facinho, mamão, é ou não é?, Tem que frear para corrigir radicalmente seu ângulo de deslocamento, frear e no mesmo instante recomeçar a correr na outra direção, atrás da bola agora, ele que vinha no tropel mais desembestado fingindo ignorá-la. Acabou o reinado da ideia pura, sublime demais para durar no tempo, o mundo material se impõe outra vez com sua massa, sua aceleração, as leis da física todas. O cara tem que dar uma quebrada de noventa graus e não perder velocidade porque, veja bem, há que chegar na bola antes dos adversários e ainda com um bom ângulo de chute. Pelé consegue fazer as duas coisas. Vai chutar e marcar, todos antevemos isso, o estádio de pé com seus pulmões que nesse momento podiam ser todos de pedra, pois não inspiram nem expiram: vai chutar e fazer o gol. Acontece que não é tão simples porque Pelé agora está do lado errado da bola, meio de ombro para o gol, tem que bater nela num movimento de meio giro. E aí, meu Deus, ele erra. Pelé erra. Perde o gol que não poderia deixar de perder, pensando bem, para que o mito se consumasse. Enquanto o tal Ancheta que ia perder o trem se estabaca na grama, a bola chutada por Pelé tira fino da trave direita do Uruguai. Linha de fundo, fato consumado, o craque dos craques sai chupando um gelo catado por ali com expressão levemente contrariada, mas serena. Pelé desafiou Deus e perdeu. Imagine se não perdesse. Se não perdesse, nunca mais que a humanidade dormia tranquila. Pelé desafiou Deus e perdeu, mas que desafio soberbo. Esse gol que ele não fez não é só o maior momento da história do Pelé, é também o maior momento da história do futebol. Você entende isso? A intervenção do sobrenatural, o relâmpago de eternidade que caiu à esquerda das cabines de rádio e TV do simpático Jalisco, 17 de junho de 1970? Edição condensada do primeiro capítulo do livro “O Drible”, 2013, de Sérgio Rodrigues, escritor brasileiro.

O drible da vaca sem bola aplicado no goleiro uruguaio Mazurkiewicz também durante jogo da Copa de 70. Esse é o mais misterioso dos lances do futebol e, portanto, um dos mais misteriosos da vida. Quem desviou a bola que ia certeira para o gol? Jamais saberemos, ou saberemos quando já não pudermos mais contar o que houve. Mas a poesia, o sublime, o sagrado está no drible, na inteligência superior da malandragem aceitável, da única enganação que podemos aplaudir, desse fundamento tão brasileiro, tão corporal, tão encantado. Hoje entendo que a bola não entrou para que Deus pudesse nos manter acreditando que somos falíveis. E entendo também que parte da eternidade desses lances está justamente no erro. Milly Lacombe, jornalista brasileira.

Eu chorei de nervoso, escondido, antes da final da Copa de 1970. Pelé.

Eu sempre achei que tinha que melhorar alguma coisa, essa era uma cobrança constante. Pelé.

Eu pensei antes da final da Copa: o Pelé é feito de carne e osso como eu. Eu me enganei. Tarcisio Burgnich, zagueiro italiano, subiu antes de Pelé no lance do primeiro gol do Brasil, na final da Copa de 1970. E. quando caiu no chão, o Rei ainda estava no ar.

Subimos juntos numa bola na final da Copa. Eu era mais alto e tinha mais impulsão. Quando desci no chão, olhei para cima. Fiquei perplexo. Pelé ainda estava lá, no alto, cabeceando a bola. Parecia que Ele podia ficar no ar o tempo que quisesse. Giacinto Facchetti, um dos maiores ídolos da história da Internazionale.

Será que mais alguém, em qualquer atividade, conseguirá isso algum dia? Um cartaz numa rua no México dizendo que “hoje não vamos trabalhar porque vamos ver Pelé jogar”. Flávio Prado, jornalista esportivo brasileiro.

A tabelinha de Pelé e Tostão confirma a existência de Deus. Armando Nogueira, Pelé dos cronistas esportivos brasileiros.

Um time que tem Pelé é tricampeão nato e hereditário. Nelson Rodrigues. Antes, durante e depois do tri de 1970.

Eu cheguei ao vestiário depois da final da Copa de 1970, e o Pelé estava gritando. “Eu não morri! Eu não morri!”. Muita gente no Brasil não acreditava mais Nele antes da Copa. E ele foi tricampeão mundial. Roberto Rivellino, Pelé do Corinthians e do Fluminense.

A Copa de 1970 foi a Copa do Pelé. Ele estava no ponto exato do equilíbrio entre maturidade e potência: já sabia tudo e ainda podia tudo. Estava decidido a transformar a Copa num triunfo pessoal. Aquilo que começara em 58, na Suécia, e não conseguirá completar em 62, no Chile, nem em 66, na Inglaterra. O México foi a desforra de Pelé, um lance da sua biografia que ele gentilmente compartilhou com o Brasil. Luis Fernando Verissimo, escritor brasileiro.

Falar do Pelé jogador é redundante, melhor do mundo, o maior, não vi nada ou ninguém igual ao Pelé. Mas eu gosto de falar do Pelé gente como a gente. Em 1970, ele já tinha quase 30 anos, era consagrado. Com o treinamento de preparação para a Copa do Mundo, foram cinco meses de convivência. Pelé foi simplesmente mais um do grupo. Nós éramos bem jovens, eu tinha 27 anos, ele tinha 29. A consideração que ele tinha com os preparadores físicos, com a comissão técnica, com todo mundo, era muito grande. Gente como a gente, profissional maravilhoso, companheiro, um cara pronto para ajudar, para colaborar com o grupo. E obstinado. Ele queria voltar a ser campeão do mundo, se preparou muito, e fez aquela Copa extraordinária. Carlos Alberto Parreira, treinador tetracampeão do mundo em 1994.

Os seus trinta anos, que parecem valer quarenta, são, em verdade, muito mais. A autoridade com que domina a bola, o adversário e o juiz depende, direi mesmo, de séculos ou, até, de milênios. O sublime crioulo tem de futebol, nem trinta nem quarenta anos, mas 6 mil. Aí está o seu mistério: – é a experiência, é a sabedoria de sessenta séculos. Nelson Rodrigues, cronista, em 1970.

“Lutou e só de gol fez mais de mil/ Ficou até na história do Brasil”. Canção “Obrigado, Pelé”, de Miguel Gustavo, de 1970.

Tive a felicidade de ser campeão mundial ao lado de Pelé pela Seleção e a dificuldade de o enfrentar como adversário no futebol paulista. Tomar um gol como goleiro nunca é fácil. Mas era menos complicado explicar e entender quando Pelé era o autor dele. Émerson Leão, goleiro brasileiro em quatro Copas.

Pelé sempre foi a minha inspiração. Jogar ao lado do meu ídolo pela Seleção foi a realização de um sonho. Dirceu Lopes, que merecia ter sido tricampeão em 1970, foi um dos Pelés do Cruzeiro - com o companheiro Tostão.

Pelé transcende o futebol. Mauro Silva, tetracampeão mundial pelo Brasil, em 1994.

Pelé ficou surpreso e ameaçou um sorriso quando soube que alguns setores do governo consideraram a sua despedida da seleção um ato de indisciplina esportiva. Jornal “O Estado de S.Paulo”, de 7 de julho de 1971.

Na sua despedida da Seleção, em 1971, fiz um dos gols no empate de 2 a 2 com a Iugoslávia. Mas eu só marquei porque o Pelé já tinha deixado a partida. Se ele estivesse em campo, claro que eu daria o passe para o Pelé marcar. Era o jogo dele. O último pelo Brasil. No intervalo, nós fizemos nossa própria homenagem a ele. Tiramos nossas camisas, todas elas, e entregamos ao Pelé”. Rivellino. Camisa 10 do Brasil nas duas Copas posteriores ao tri.

Fica, fica, fica! Coro do Maracanã para Pelé seguir na Seleção, no jogo de despedida Dele do Brasil, em 18 de julho de 1971, contra a Iugoslávia, no Maracanã.

Pelé não aceitou, ontem à tarde, em Brasília, o último e mais importante apelo de quantos lhe foram feitos para voltar à Seleção brasileira e participar da Minicopa: do presidente Garrastazu Médici, que o apresentou “na condição de representante da torcida brasileira”, durante audiência concedida no Palácio do Planalto ao jogador e à diretoria do Santos Futebol Clube. Jornal “O Estado de S.Paulo", janeiro de 1972.

Minha esperança cresce ao recordar suas provas de amor, como cidadão e tricampeão mundial de futebol, aos anseios em que palpita a presença do Brasil. João Havelange, presidente da CBD, e candidato à presidência da Fifa, pedindo em carta que Pelé reconsiderasse a decisão de não mais atuar pela Seleção. Em fevereiro de 1974.

É chegado o momento de mostrar aos brasileiros que posso ser útil ao país em outros campos de atividades, com a mesma dedicação, honestidade e motivação com que sempre defendi a nossa Seleção. Contando com a compreensão de V.Sas., cordialmente... Carta de Édson Arantes do Nascimento a João Havelange, presidente da CBD, reiterando que não jogaria a Copa de 1974.

Enquanto Pelé jogou no futebol brasileiro, entre 1956 e 1974, a Seleção foi tricampeã mundial. Todos os atletas vencedores nas Copas atuavam no país. E alguns craques históricos estrangeiros, também. Os campeões do mundo foram companheiros de Pelé no Santos. Onde jogaram Zito, Pepe, Del Vecchio, Vasconcelos, Tite, Pagão, Jair Rosa Pinto, Calvet, Formiga, Dorval, Coutinho, Mauro, Aírton Pavilhão, Gilmar, Lima, Mengálvio, Almir Pernambuquinho, Carlos Alberto Torres, Edu, Toninho Guerreiro, Clodoaldo, Cláudio, Orlando Peçanha, Rildo, Djalma Dias, Joel Camargo, Manoel Maria, Abel, Douglas, Ramos Delgado, Cejas, Marinho Peres, Cláudio Adão, Jair da Costa. Outros foram rivais para marcá-lo como zagueiros de área como Bellini, Zózimo, Jurandir, Aldemar, Jadir, Altair, Ditão, Leônidas, Brito, Carabina, Procópio, Fontana, Baldochi, Scala, Luís Carlos, Luís Pereira, Figueroa, Perfumo, Ancheta, Reyes, Alfredo Mostarda, Vantuir, Amaral, Oscar, Abel. Volantes como Roberto Belangero, Dino Sani, Dudu, Carlinhos, Zequinha, Denilson, Piazza, Roberto Dias, Carlos Roberto, Édson, Zé Carlos, Carbone, Tovar, Carpegiani. A fina flor de brasileiros e estrangeiros no futebol tricampeão mundial. Como só Pelé de fato foi. Mauro Beting, jornalista esportivo brasileiro.

Em alguns lugares as pessoas queriam tocar o Pelé. Em outros, queriam dar um beijo Nele. E ainda tinha lugares em que as pessoas queriam beijar o caminho por onde Ele passou. Isso é Pelé. Clodoaldo, camisa 5 do Santos e da Seleção tricampeã mundial.

Eu não sabia se eu iria fazer a falta Nele ou se ficava parado o admirando. Giacinto Facchetti, craque-bandeira da Internazionale, foi vice-campeão mundial pela Itália em 1970.

Muhammad Ali estava dando autógrafos, socos no ar e fazendo as coisas que ele sabia fazer para mexer com o público. Até ele ver o Pelé nesse evento e o campeão mundial do boxe se transformar numa criança que queria tocar o maior ídolo dele. Naquele instante, quem parecia estar vendo o próprio Muhammad Ali era ele mesmo. Para o Pelé do boxe, o maior ídolo dele era o Pelé. Shep Messing, ex-goleiro dos EUA.

Absolutamente todas as pessoas querem O cumprimentar e tirar uma foto com Ele. Dizer que você esteve uma vez na vida com Pelé é garantia de você ter um certificado de honra eterno. Você é uma pessoa importante por isso. Só por estar ao lado de Pelé. Mick Jagger, vocalista dos Rolling Stones.

O Édson é de Três Corações, mas o Pelé, esse sempre será de Bauru. Pelé foi recebido por presidentes do Brasil e do exterior, por chefes de estado, esportistas, jornalistas sempre com admiração. Certa vez, contou Pelé, estava em um curso de língua estrangeira nos EUA e ninguém mais do que John Lennon foi até a sua mesa pedir uma foto. Até os Beatles se renderam ao Rei, um homem com poder de majestade como sempre deveria ser. Arnaldo Ribeiro, jornalista esportivo brasileiro.

Ninguém veio conversar comigo ou pedir um autógrafo. A única pessoa que todo mundo queria era Pelé. Robert Redford, ator norte-americano, depois de um passeio em 1976 com Pelé, nas ruas de Nova York.

Até a bola do jogo pedia autógrafo a Pelé. Armando Nogueira, jornalista brasileiro.

O Brasil é famoso no mundo pelo futebol e o Pelé é mais famoso do que o Brasil. João Saldanha, comentarista esportivo, treinou Pelé e a Seleção Brasileira, em 1969-70.

Olá. Meu nome é Ronald Reagan. Eu sou o presidente dos Estados Unidos da América. Mas o senhor ao meu lado não precisa ser apresentado. Porque todo mundo no planeta sabe quem é Pelé.

Pelé é um dos poucos que contrariam a minha teoria: em vez de 15 minutos de fama, Ele terá 15 séculos. Andy Warhol, artista norte-americano.

Quero dizer que julgo o amor a coisa mais importante na vida, e que devemos nos ajudar sempre que possível. Digam comigo três vezes: amor, amor e amor. Pelé, no seu discurso de despedida do futebol, no amistoso Cosmos 2 x 1 Santos, em 5 de outubro de 1977, nos Estados Unidos.

Obrigado, Brasil, por nos ter dado Pelé. Mensagem no telão do Giant Stadium, em Nova York, na despedida de Pelé, em 1977.

Obrigado! Coro da torcida norte-americana no estádio onde Pelé se despediu do futebol, no amistoso Cosmos 2 x 1 Santos.

Este foi o maior título que ganhei. Não disputei com ninguém, não precisei vencer nenhum adversário. Pelé, em 1977, ao receber, na Organização das Nações Unidas, a placa que a ONU ofertou: “Édson Arantes do Nascimento, cidadão do mundo”.

O mundo todo deve te agradecer, Pelé. Você tem uma cabeça e um coração que souberam colocar todo o amor nos pés, a serviço do futebol. Todos os esportistas do mundo devem se curvar a você. Muhammad Ali, o Pelé do boxe, na despedida real, em 1977.

O Santos é começo, o melhor e o fim para Pelé. Ele marcou o primeiro gol profissional pelo clube na estreia, em 7 de setembro, contra o Corinthians de Santo André. Ele marcou o último gol como profissional na despedida pelo Cosmos. Justamente contra o Santos dele, em 2 de outubro de 1977. Helena Calil, jornalista esportiva brasileiro.

Ver Pelé jogar é assistir ao encantamento de uma criança combinado com a graça de um adulto em sua plenitude. Nelson Mandela, político sul-africano, esteve preso entre 1964-1990. Não pôde ver os últimos 13 anos da carreira de Pelé.

Sucesso não se mede pelo número de títulos que você tem e, sim, pelo modo como você reage depois de uma derrota na rodada seguinte. Pelé.

Já torci por Pelé, mas poucas vezes: quando defendia a Seleção. Nos outros múltiplos jogos em que o vi, tive a dura missão de torcer contra, a favor da defesa. Sim, eu disse enfaticamente que Almir era melhor do que ele, que no Corinthians o Pelé disputaria a posição com Silva e Flávio Minuano; cantei “um, dois, três, o Santos é freguês” quando terminou aquele maldito tabu de mais de 10 anos; repeti, e escrevi, que o Negão só não tinha realizado um sonho na vida: o de jogar no Corinthians. Era o melhor do mundo, sim; seria hoje o melhor do mundo, sem dúvida. Mas jogava no time errado. Aquele não era o meu Pelé. Carlinhos Brickmann, jornalista brasileiro.

Tem o homem Pelé. Tem o jogador Pelé. E para jogar como Pelé tem que ser um Deus. Eusébio, goleador da Copa de 1966, considerado então o “novo Pelé” português.

Parei de jogar antes que me criticassem. Pelé.

Eu vi Pelé jogar quando eu era menino. Eu vi Maradona jogar quando eu já era um adulto. Sempre a paixão infantil é mais forte. Mas não é por isso que eu prefiro Pelé. Alex Ferguson, treinador escocês e do Manchester United, de 1986 a 2013.

Como se soletra Pelé? G-O-D. Pat Crerand, comentarista inglês de TV, na Copa de 1970.

Como Garbo e Picasso, basta-lhe um só nome: Pelé. “Daily Express”, diário inglês.

Pelé transformou o campo em teatro pessoal. Foi o homem que interpretou inúmeros papéis. “Daily Sketch”, diário inglês.

Quando muito, Puskas, Di Stéfano, Sívori e Luís Suárez podem engraxar-lhe os sapatos, escovar-lhe os mantos. Nelson Rodrigues, pelezista.

Um Zico nasce de 80 em 80 anos. Um Romário, de 79 em 79. Um Nilton Santos, de 100 em 100 anos. Um Garrincha, de 125 em 125. Um Maradona, de 300 em 300 anos. Mas um Pelé, Ele nasce de nunca mais em nunca mais. Milton Neves, santista, pelezista e jornalista esportivo, em 1999.

Lá vai Pelé com a bola que Deus lhe deu. Armando Nogueira, cronista brasileiro.

O atleta mais completo que já jogou futebol. Pelé sempre cultuou a vitória. E ele ganhou mais do que todos no mundo. Mas a grande vitória de Pelé foi jamais menosprezar os vencidos. Bobby Moore, zagueiro capitão da Inglaterra campeã do mundo em 1966.

Mesmo em 1974 eu tendo levantado, como capitão do meu país, uma Copa do Mundo - que não foi a Taça Jules Rimet porque Pelé não deixou, a levando para casa por ter conquistado três vezes o título pelo Brasil… Mesmo eu tendo sido três vezes campeão da Europa pelo Bayern de Munique. Mesmo tendo erguido a taça de campeão europeu pela Alemanha Ocidental, em 1972. Nada disso, para mim, se compara à honra e felicidade que tenho por ter atuado ao lado de Pelé no Cosmos. E tenho certeza absoluta que essa seria a felicidade maior para qualquer atleta, em qualquer clube, em todos os campos e em todos os tempos. Franz Beckenbauer, o mais elegante jogador de todos.

Às vezes fico com a impressão de que não fomos nós que inventamos o futebol. Foi esse jogador mágico chamado Pelé. Bobby Charlton, o Pelé inglês.

O futebol nasceu na Inglaterra. Mas ele se naturalizou brasileiro. Pelé, o melhor tradutor.

Obrigada, Rei, por reinventar o futebol. Giovanna Kiill, jornalista esportiva brasileira.

Meu grande amigo que me consolou em um dos momentos mais difíceis da minha vida. Eu sinto a sua falta, Capita. Mensagem de Pelé no Instagram para Carlos Alberto Torres, que atuou com Pelé no Santos, Seleção e Cosmos.

Dorval foi o melhor ponta-direita da história. Um gênio. Um herói. Pelé.

O Pelé era sonâmbulo. Muitas vezes ele comemorava gols nos sonhos dele, dormindo acordado. Ele era tão fera que até dormindo, e horas antes do jogo, ele já estava metendo gols nos caras. Dorval, o 7 do ataque dos sonhos santista, com Mengálvio, Coutinho, Ele e Pepe.

Antes de a bola chegar, Pelé já se comunicava comigo pelo olhar. Ficava aflito e cantava o jogo com aqueles olhos salientes. Tostão, um dos melhores companheiros de Pelé, na Copa de 1970.

Senti medo quando vi aqueles olhos. Pareciam olhos de um animal selvagem. Olhos que soltavam fogo. Wolfgang Overath, craque armador da Alemanha campeã mundial, em 1974.

Em 1974, ele fazia coisas que não fazia em 1956. Ele estava sempre se reinventando. Pepe, que se diz “o maior fã” Dele. Também por ter sido o jogador mais próximo Dele, atuando com a 11 do Santos ao lado do 10 Pelé por dez anos. E ainda o dirigindo como treinador na última conquista real pelo clube, o SP-73.

O brasileiro não sabe votar. Pelé, durante a ditadura militar no Brasil, em 1974, no país que ainda não podia eleger presidente, governador e prefeito das capitais.

Não joguei a Copa de 1974 por desgosto em relação ao regime político. Estávamos na ditadura militar. Pelé, em 1988.

Fui covarde. Podia ter lutado mais pelo interesse dos atletas. Quando eu jogava, só me preocupava com a evolução da minha carreira. Pelé, em 1996.

Tem gente que não pode falar o que pensa. Eu posso. Minha contribuição, agora que eu não jogo mais futebol, é a seguinte: falar, falar, sem ter medo de nada. Pelé, em 1988.

Bem preparado fisicamente, eu disputaria brincando mais uma Copa do Mundo. Não esqueci nada do que fiz por 20 anos. Pelé, em 1986, aos 45 anos.

Fenômenos como Diego e Pelé já nascem feitos. Ninguém ensinou nada para eles. Franciso Cornejo, primeiro treinador de Maradona, no Argentinos Juniors, em 1969.

Eu sabia que Pelé era um Deus como jogador. Ao conhecê-lo agora, também sei que ele também é como pessoa. Diego Armando Maradona, em 1979.

Dizem que Pelé tem quatro Copas do Mundo. Parem com isso! Por que não dizem que ele não jogou no Chile, em 1962? Que na Inglaterra só jogou uma partida e meia? Que digam que ele tinha mais elasticidade que eu por ser negro, que saltava e parecia que ficava parado no ar... escutem-me: ele não fez aquele gol na Inglaterra [na Copa de 1986]; ele não jogou 12 anos na Europa. Diego Armando Maradona, em 1998.

Já falei para o Diego (Maradona): com o Negón, não dá, Diego. Não tem comparação. Pelé não se compara. Ramos Delgado, zagueiro argentino de seleção dos anos 60-70, jogou no Santos com Pelé.

Pelé é um burocrata branco. Diego Armando Maradona.

Maradona jogou uns 2% menos do que o Pelé. Zito, craque, o único que dava bronca Nele, NO Santos e no Brasil. Ele foi quem mais jogou ao lado Dele na carreira. E, para Pelé, foi o melhor jogador com quem atuou pelo Santos.

Pelé é um escravo. Vendeu seu coração para a Fifa. Quando a Fifa o chutou, ele quer agora fazer amizade com os jogadores... Diego Armando Maradona, em 1997.

Antes de falar do Pelé, o Maradona precisa pedir autorização para o Zico, o Sócrates, o Romário, o Tostão, o Rivellino. Pelé, em 2000.

Uma vez o Pelé disse que ele é o Beethoven do futebol. Mas eu nunca ouvi música clássica dentro de campo… Eu sempre digo a vocês: se o Pelé toma a pílula errada, ele fala umas coisas malucas. Diego Armando Maradona.

Dona Celeste sempre disse que eu era o melhor jogador do mundo. E melhor do que o Maradona. Pelé.

Pelé e Beckenbauer saem do museu para falar bobagens. Diego Armando Maradona.

O único gol de cabeça importante que Maradona marcou foi com a mão. Pelé.

Já falei pro Pelé tomar os remédios certos nas horas certas. Ele vive tomando o de dormir pela manhã e vice-versa. Ou vai ver que ele precisa mudar de médico. Diego Armando Maradona.

Maradona é um mau exemplo. Foi um grande jogador. Porém desgraçadamente passou por muitos problemas. Pelé.

Pelé jogou com futebolistas que não podiam se mexer em campo. Diego Armando Maradona.

Eu rezo todas as noites pelo Maradona. Pelé.

Faz 20 anos que Pelé não faz nada. O único lugar onde se vê o Pelé é atrás dos cartolas da Fifa nas premiações. Ele parece um boneco manejado por um controle remoto. Diego Armando Maradona.

Diego, eu quero dizer que você é incomparável. Sua carreira foi marcada pela honestidade. E com seu jeito único, você nos ensinou que temos que amar e dizer “eu te amo” com muito mais frequência. Sua partida rápida não me deixou te dizer, então vou apenas escrever para você: eu te amo, Diego. Meu grande amigo, muito obrigado por toda a nossa viagem. Um dia, no céu, jogaremos juntos no mesmo time. E será a primeira vez que levantarei meu punho para o ar em triunfo em campo sem comemorar um gol. Será porque finalmente poderei te abraçar novamente. Pelé, no dia da morte de Maradona, em 2020.

Maradona só será Pelé quando ganhar três Copas do Mundo e marcar mais de mil gols. Cesar Luis Menotti era volante e jogou com Pelé, no Santos, em 1968. Dez anos depois ele dirigiu a Argentina campeã do mundo. Quando cometeu o erro de não convocar Diego Armando, 17 anos, para o Mundial de 1978.

Para mim, o Maradona é mais ídolo que o Pelé. Mas isso não significa dizer que ele tenha sido mais que Pelé. Ronaldinho Gaúcho, craque, em 2004.

Maradona era mais vistoso jogando futebol. Mas Pelé era mais inteligente. Daniel Passarella, capitão da Argentina campeã mundial em 1978, e companheiro de Maradona no bi mundial, em 1986. Mas sempre brigado pessoalmente com El Diez.

Já se discutiu se Di Stéfano foi melhor do que Pelé, se Maradona foi maior do que Pelé, se Messi fez mais gols do que Pelé em jogos oficiais, se Cristiano Ronaldo é mais forte do que Pelé… A referência é sempre Pelé. Para sempre será Pelé. Paulo Vinicius Coelho, o PVC, jornalista esportivo brasileiro.

Não sou saudosista. Tenho saudade. E queria ver o presente de Messi com a história de Pelé. Dois que jogariam juntos em qualquer época. Em qualquer planeta. Mauro Beting, jornalista.

Garrincha e Maradona não conseguiram separar suas experiências em campo com suas existências. Pelé conseguiu ter o Édson para isso. O anjo da guarda que o fez ser imortal durante a vida. Talvez Deus, se Ele existir, possa revelar isso agora a Pelé. José Miguel Wisnik, professor, compositor e escritor brasileiro.

Tom Jobim dizia que o Brasil amava Garrincha, mas precisava aprender a amar Pelé. De fato, gostar de Garrincha é mais fácil. Garrincha é trágico, foi explorado em vida e morreu precocemente, bêbado e triste. Garrincha não desafia quem o admira. Foi imenso durante certo tempo, mas voltou para o nosso plano e terminou na nossa escala. Essa queda permite que seja amado com piedade, esse sentimento essencialmente hierárquico em que o piedoso olha do alto para o objeto de sua compaixão. Compadecer-se da dor de Garrincha faz bem à autoimagem. Estamos do lado de quem sofre, somos boas almas. Amar Pelé foi sempre mais difícil. Pelé jamais caiu. Ao contrário, subiu, subiu e lá ficou. É uma altura que oprime. Sendo impossível não gostar do jogador, o homem se tornou o alvo. Édson Arantes do Nascimento, o inocente útil que serviu aos interesses da ditadura; a celebridade ingênua que, sem falar de política, pedia que o Brasil cuidasse das crianças nas ruas. (Na época parecia demagogia, mas, como escreveu Paulo César Vasconcelos em “O Globo”, “o tempo passou, e os bisnetos daquelas crianças continuam nas ruas”.) Pelé era mais admirado do que amado. João Moreira Salles, Pelé no que escreve.

Em muitas ocasiões, Pelé deve ter perdido a paciência com Édson — por ele, Édson não ser o Pelé. E só Pelé sabe quanto lhe deve ter custado carregar Édson nas costas, enquanto se tornava o maior jogador da história, o atleta do século e outras situações com que Édson nem sonhava. Ruy Castro, jornalista brasileiro.

Se Pelé fosse seqüestrado, o resgate seria 20 Maradonas. Chico Anysio, humorista brasileiro.

Quanto valeria Pelé hoje? Provavelmente seria descoberto antes do Mundial, ainda marcando gols em Santos. Ou Bauru. Talvez o scout de um clube europeu o descobrisse ainda no berço, em Três Corações. André Rocha, jornalista esportivo brasileiro, em 2022.

O maior jogador da história do futebol foi Di Stéfano. Eu me recuso a classificar Pelé como um jogador de futebol. Ele foi muito mais do que isso. Férenc Puskas, o Pelé húngaro, foi companheiro de Di Stéfano no Real Madrid, de 1959 a 1964.

As chuteiras de Pelé que estão no Museu Dele, em Santos, são gastas igualmente no bico do pé direito (que era o preferencial), e também no bico do pé esquerdo. Ele também foi o único no mundo que chutava com os dois pés e finalizava com a cabeça com a mesma eficiência. Odir Cunha, jornalista, escritor e historiador do Santos FC.

Se você é o primeiro você é tudo. Se você é o segundo, você é nada. Pelé.

Apesar daquela frase famosa do filme em que fui ator, não, eu não sou o Jô Soares. Mas eu adoraria ter sido. Pelé.

Nunca deixe de celebrar suas conquistas. A alegria de alcançar seus objetivos é única. Pelé.

Quero crer que a sua maior virtude é, justamente, a imodéstia absoluta. Põe-se por cima de tudo e de todos. E acaba intimidando a própria bola, que vem aos seus pés com uma lambida docilidade de cadelinha. Nelson Rodrigues, o maior pelezista.

Muito antes de tudo ser como é hoje, Pelé já fazia. Fred, centroavante, jogou duas Copas pelo Brasil.

Vou fazer um filme com você jogando futebol na Lua. É o único lugar onde você ainda não jogou. Steven Spielberg, cineasta norte-americano, em conversa com Pelé.

Na cabeça de muito jogador não passa nada na hora de fazer uma jogada. Na cabeça do Pelé passa um longa-metragem. Nilton Santos, a Enciclopédia do Futebol, jogou a carreira inteira no Botafogo, e foi bicampeão mundial com Pelé.

Pelé é o Domingos da Guia do ataque. Albert Laurence, jornalista esportivo francês, pai de Michel, avô de Bruno Laurence, em 1957.]

Pelé virou adjetivo máximo. Bruno Laurence. Jornalista esportivo brasileiro.

O Pelé, que tinha tudo, treinava mais que todos. Ademir da Guia, o Pelé do Palmeiras.

Pelé treinou como Pelé para ser ainda mais Pelé. Mauro Beting, jornalista esportivo, um dos curadores do Museu Pelé, em Santos.

Pelé não precisou aprender nem aperfeiçoar nada. Nasceu rei. Tostão, Pelé dos textos brasileiros entre os ex-atletas.

Tudo é treino. Pelé.

Sempre vai ter alguém se dando melhor do que você por estar treinando mais e melhor do que você em outro time. Pelé.

A diferença entre Pelé e Di Stéfano é que Di Stéfano sabia tudo, e Pelé inventou tudo. Rogelio Domínguez, goleiro argentino, jogou com Di Stéfano e Puskas no Real Madrid.

Ser bom no que você faz é muito importante. Mas não é tudo. Mantenha-se em movimento. Aprenda algo novo todos os dias. Pelé.

É rei substituindo rei. Dario, o Dadá Maravilha, o Rei Dadá, goleador campeão mundial pelo Brasil em 1970, ao substituir Pelé na abertura do Mundial de Masters de 1987, no Pacaembu. Brasil 3 x 0 Itália. O último gol de Dadá.

Até o final do século XX uma seleção africana será campeã do mundo. Pelé, em 1990.

A Colômbia é a favorita para ganhar a Copa de 1994. Pelé, em 1993.

Pelé, Colômbia, NO! Campanha pela internet de torcedores colombianos pedindo ao Rei para que não se empolgasse com a seleção do país na Copa de 2014.

O favorito sempre perde. Pelé

Sempre que aponto algum favorito, ele dança antes da hora. Pelé

O mais completo entre Messi, Cristiano Ronaldo e Zidane é o Zidane. Pelé, em 2012.

A única coisa que às vezes me pega de surpresa e que fico chateado é quando alguns dos fanáticos querem fazer comparações com outras pessoas. Não dá para fazer comparação com as pessoas, são momentos, pessoas, coisas e vidas diferentes. Pelé.

O futebol era mais simples na minha época. Pelé.

Ronaldinho Gaúcho faz coisas que eu não sabia fazer. Pelé, em 31 de janeiro de 2006.

Vendo o Robinho jogar lembro de mim. Pelé, em 2004.

A primeira vez eu vi o Robinho driblando quase chorei. Pelé, treinador de Robinho, aos 15 anos.

Vanderlei Luxemburgo é o Pelé dos treinadores. Pelé, o Luxemburgo do futebol, em março de 2006, quando o treinador levou um mediano time santista à conquista do campeonato estadual, que havia 21 anos o Santos não ganhava.

Zico foi o mais próximo ao meu estilo de jogo. Batia falta, dava passes, fazia gol, entrava driblando na área. Pelé, em 1994.

Messi marcará uma época. Pelé, em 2010.

Messi é o meu jogador preferido. Pode se tornar melhor do que eu, Maradona, Pelé e Cruyff. Alfredo Di Stéfano, presidente honorário do Real Madrid, em maio de 2011. Morreu em julho de 2014. Oito anos antes de Lionel Messi ser campeão mundial pela Argentina.

Pelé era um touro genial. Messi é genial. Tostão, em 2021.

Tecnicamente, Messi está no mesmo nível do que eu. Pelé, em 2015;

Messi e Cristiano Ronaldo são espetaculares. Mas Pelé continua sendo o melhor de todos. Alfredo Di Stéfano, argentino naturalizado espanhol, craque-bandeira do Real Madrid.

Pelé e o maior jogador de todos os tempos. Só há um Pelé no futebol. Cristiano Ronaldo, o maior artilheiro de todos os tempos do Real Madrid, de Portugal e de qualquer seleção no mundo.

Posso ser um novo Di Stéfano. Mas não posso ser um novo Pelé. Ele é o único que ultrapassa todos os limites da lógica. Johan Cruyff, o Pelé da Holanda.

Se você combinar todas as qualidades de Messi e Cristiano Ronaldo você formará um jogador que poderá ser comparado a Pelé. Tostão, o Pelé do Cruzeiro (ao lado de Dirceu Lopes).

Quem compara Pelé com jogadores europeus é pseudointelectual. Fábio Sormani, jornalista esportivo brasileiro.

Ninguém ganha sozinho no futebol. Pelé.

Eu nasci para jogar futebol. Como Beethoven nasceu para fazer música, e Michelângelo para fazer arte. Pelé.

Pra mim era Beatles e Pelé. Supla, músico brasileiro.

É impossível entender a construção do mito do país do futebol sem enxergar em Pelé a sua fundação, o seu alicerce. Carlos Eduardo Mansur, jornalista esportivo brasileiro

Não é o caso de dizer que existe um futebol AP e DP, antes e depois de Pelé. Porque futebol e Pelé se tornaram sinônimos. Juca Kfouri, jornalista esportivo brasileiro.

“Rei, posso fazer uma pergunta”. E ele respondeu: “faça a segunda porque a primeira você já fez”. Assim era Pelé. Simples. Divertido. O futebol é Antes do Pelé e Depois do Pelé. Ricardinho Martins, jornalista esportivo brasileiro.

Uma cobrança de pênalti é uma maneira covarde de marcar um gol. Eu me sinto como se fizesse parte de um pelotão de fuzilamento. Pelé.

Pelé era só instinto. E uma vez que você passava a bola para Ele, você não a via mais. E nem o Pelé. Franz Beckenbauer, companheiro de Pelé no New York Cosmos.

A grande genialidade do Pelé era o improviso. O que ele sacava no momento do lance pela inigualável percepção do jogo. Carlos Alberto Torres, capitão do Brasil em 1970, foi companheiro no Santos, de 1965 a 1974, e no Cosmos, em 1977.

Pelé não é brasileiro. É de Saturno. Pepe, eterno camisa 11 do Santos. O Canhão da Vila Belmiro marcou mais gols de falta do que Pelé pelo Santos. Muitas delas sofridas (ou cavadas) pelo Rei.

Pelé foi a melhor pessoa dotada por Deus para a prática de uma determinada atividade. Da Vinci, Michelangelo, Beethoven e Einstein ganharam nota 9,99. Só Pelé ficou com. nota 10. Milton Neves, jornalista esportivo brasileiro.

Obrigado Édson pelo Pelé ter escolhido nascer no Brasil. Um rei à altura do povo brasileiro. Ivan Moré, jornalista esportivo brasileiro.

Pelé jogou futebol por 22 anos. Nenhum outro diplomata conseguiu fazer mais pela fraternidade e pelas relações internacionais do que ele em todo o mundo. J.B.Pinheiro, embaixador brasileiro na ONU.

Pelé é o maior diplomata que conheci. Harry Kissinger, político norte-americano.

Pelé nos mostrou que deuses andam entre nós e são capazes de nos deixar ver mágicas acontecendo. Pelé é sinônimo de Brasil e admiração. Viajei muito. Quando falava que eu era do país de Pelé, era automático o sorriso no rosto das pessoas de todo o mundo. Ricardo Rocha, zagueiro tetracampeão mundial em 1994.

Ele não foi apenas o melhor jogador de todos os tempos. Ele foi o melhor embaixador do esporte. Ninguém fez tantas coisas pelo futebol como Pelé. Karl-Heinz Rummenigge, atacante alemão, vice mundial em 1982 e 1986.

O Pelé uniu países. Pelé parou uma guerra. Uniu famílias. Revolucionou o futebol. Eu nasci durante a Copa de 1970. Em 2002, eu levantei o troféu de campeão do mundo entregue pelo Pelé. Só não falo mais para não chorar ainda mais todas as vezes. Cafu, capitão do penta, atleta que mais vezes jogou pela Seleção de Pelé.

Muita gente pensa, quando alguém marca muitos gols, "ele é um grande craque", porque o gol é muito importante. Mas um craque é um jogador que pode fazer tudo no campo. Ele pode dar passes, motivar seus companheiros e dar-lhes confiança. É alguém que, quando uma equipe não está bem, torna-se um dos líderes. Pelé.

Deus abençoou os pés desse cidadao, mas se esqueceu do resto. Principalmente da boca. Ele só fala besteira. Ou melhor: só fala merda. Romário, em 1998, criticando Pelé pelas críticas do Rei ao Baixinho tetracampeão mundial em 1994.

O Pelé é o nosso rei, é o nosso Deus. Mas tinha de colocar um sapato na boca dele. O Pelé calado é um poeta. Romário, em 2005, depois de Pelé ter sugerido que ele se aposentasse.

Quando o Baixinho disse que “o Pelé calado é um poeta”, eu só posso agradecer ao Romário. Ele poderia falar que o Pelé calado é um ladrão, é um traiçoeiro. Poeta é uma coisa importante. Pelé

O Pelé tem muitos problemas com o futebol do Brasil. Apesar de ele ser o rei do futebol para muita gente, não devo dar importância ao que ele fala. Roberto Carlos, lateral da Seleção, em 2004.

Em 21 anos de carreira, já fui criticado por jogar mal. Mas jamais por ficar parado em campo. Pelé.

Coragem traz muitos benefícios para quem está preparado para jogar. Pelé.

Como definir Pelé em uma palavra? Pelé. Mauro Beting, jornalista esportivo brasileiro.

O Pelé é unanimidade mundial. Menos no Brasil. Tom Jobim, Pelé da música brasileira, em 1990.

O brasileiro ama e cobra demais os seus ídolos. Pelé.

Os mitos são perseguidos pela imprensa do Brasil: o Pelé era cego; o Zico era um amarelão; o Piquet, mau-caráter; colocavam em dúvida a sexualidade do Senna. O Ronaldo percebeu que querem que seja “gordo”. Rodrigo Paiva, assessor do Fenômeno, em abril de 2004, reclamando do tratamento dado ao craque. Que, de fato, parecia um pouquinho pesado.

Só no Brasil a minha bagagem é revistada no aeroporto. Pelé.

De cada dez brasileiros, seis olhariam Pelé e diriam: “Ele é bom, mas... Paulo Coelho, escritor brasileiro, comentando que o Rei não é unanimidade no Brasil.

Para o estrangeiro, o Pelé é sempre um ídolo, ninguém cobra quase nada. No Brasil, por eu ser brasileiro, às vezes o pessoal não entende que eu sou uma pessoa normal. Pelé.

Devo tudo o que sou ao povo brasileiro. Pelé.

Eleger ídolos e celebrá-los é uma forma que as nações encontram de se construírem —e no Brasil de hoje têm predominado os que não querem construir nada. Obcecado pela autodestruição, o país vai despencando reto na tabela do campeonato das nações, sob qualquer critério de desenvolvimento que se use —econômico, social, humano, ambiental e, sim, esportivo também. Em chamas, em cinzas, o Brasil quebrou o espelho. Um mito como Pelé, símbolo do potencial que temos (tínhamos?) para construir um país brilhante, altivo e vitorioso, não cabe muito bem aqui. Perdão, Rei. Feliz aniversário, e obrigado por tudo. Sérgio Rodrigues, escritor brasileiro, em 23 de outubro de 2020, aniversário de 80 anos de Pelé.

É o Pelé na Terra, e Deus no céu. Carlos Alberto Torres, colega de Santos e de Brasil.

Para jogar melhor do que Pelé teria que ser Jesus Cristo. César Luis Menotti, treinador campeão mundial pela Argentina em 1978, ex-companheiro Dele no Santos.

O futebol de Pelé não conseguirá ser repetido nem por um computador. Luiz Felipe Scolari, treinador da Seleção de Portugal, em 2004.

Sempre houve atletas notáveis. Mas só um Pelé. Henry Kissinger, político norte-americano.

Eu não tive o privilégio de ver o Pelé jogar. Mas sou um privilegiado por ter um pai que foi amigo dele, e eu ser amigo de uma das filhas. Pelé é a maior estrela da nossa história. Simoninha, músico, filho da arte de Wilson Simonal.

O que mais sinto de saudade é de não poder mais defender a Seleção Brasileira. Pelé, em 1994.

Quando estou com a bola, meu sorriso também está. Pelé.

Se eu pudesse me chamaria Édson Arantes do Nascimento Bola. Seria a única maneira de agradecer o que ela fez por mim. Pelé.

Não há nada mais alegre na vida do que uma bola quicando na área. Nem nada mais triste do que uma bola vazia. Pelé.

Eu torcia pela Santos por causa de Pelé. Sócrates, doutor honoris causa corintiano.

Nunca deixei de me deslumbrar com a energia que tomava a torcida ao nos ver saindo do vestiário para dentro do gramado. Era um momento mágico. Pelé.

Perfeito! Diga a ele que ele é Pelé e que volte rapidamente ao campo. John Lambie, treinador do Patrick Thirstle, time irlandês, ao ser informado pelo massagista do clube que um de seus jogadores estava grogue depois de um choque com um adversário, e não sabia nem mesmo quem ele era e o que estava fazendo jogando futebol.

Pelé tinha tudo. Cabeceava como os deuses, ganhava as disputas físicas por ter um físico privilegiado. O melhor. Indiscutível. César Luis Menotti, treinador argentino campeão mundial.

Dizem que o futebol é um esporte que se joga no campo. Mas muitos jogos foram decididos no ar. Instagram de Pelé, ilustrado com fotos dos saltos extraterrestres de Pelé.

Além de fazer tudo muito bem feito, Pelé entendia o jogo no campo todo. E sabia jogar em equipe e para a equipe. Não era individualista. Jogava pela equipe e para a equipe dele. Toto da Silveira, jornalista uruguaio que cobriu 15 das 22 Copas.

Pelé vendeu videogame, gibi, escova de dente, pasta também, loteca, piano, fogão, amendoim, carro, tudo. A vanguarda publicitária que representou deu contornos caóticos para uma silhueta estampada em cartaz de filme, logotipo de campeonato, perfil diplomático, outdoor de jaqueta, novela da Globo, de novo: tudo. Pelé foi o pão e a geleia, o garfo e o bife, e, em campo, a arte e a força, e essa coisa de ser tudo e estar em todos os lugares, olha os Beatles como exemplo, terminam, geralmente, em um lugar parecido com o hospício. Um gol que Pelé fez, e a gente não saberia fazer, foi manter a sanidade enquanto virava sobrenome de Brasil no Vietnã e sobrenome de futebol no Zaire. Leandro Iamin, jornalista brasileiro.

Não temos um Nobel, mas sim o próprio Cervantes, que inventou uma nova ideia de novela nós campos sagrados do futebol. Xico Sá, jornalista esportivo brasileiro.

Para quem nasceu ou viveu no Século XX, as melhores fontes de (re)conhecimento dos jogadores do passado eram de quem teve a sorte de os ver. Para quem ficava acordado até tarde para ver os Gols do Fantástico, ou ouvia os jogos em rádio mal sintonizado, a que sei dos jogadores foi contado por terceiros. Talvez o último resquício de uma era de lendas. Mais espiritual do que científica. Para mim, que não pude ver, nunca houve dúvida do que fez Pelé. Torço para que a humanidade não perca o dom de transmitir a admiração sentida pelo que parece impossível descrever. Não é apenas pelo futebol. É pelo sentimento. Luizegv, torcedor brasileiro.

Pelé quebrou a minha perna covardemente, eu preciso dizer isso. Covardemente, covardemente. Eu digo isso em bom e alto som. Eu tirei a bola com a perna direita, a perna esquerda apoiada no chão, e ele foi no meu joelho. Houve ruptura em tudo, do tendão rotuliano. A minha rótula foi parar na minha virilha. Procópio, zagueiro do Cruzeiro, desmaiou no gramado do Morumbi, em 13 de outubro de 1968. Ele voltaria a atuar cinco anos, um mês e 13 dias depois.

Os zagueiros italianos quando marcam homem a homem estão tão próximos aos adversários que parecem que estão casados com eles. Pelé.

Se eu gosto de futebol é por causa do Pelé, porque na minha época não tinha jeito. Você via o Pelé e parava. Fábio Sormani, jornalista esportivo brasileiro.

Convenci o Pelé a vir jogar nos Estados Unidos e não na Europa em 1975 quando disse a Ele que, se ele fosse atuar na Espanha ou na Itália, no máximo Ele iria conquistar títulos nacionais ou até internacionais. Mas, se Ele viesse para Nova York, Pelé acabaria conquistando todo um país. E foi o que aconteceu. Clive Toye, manager do Cosmos.

Muito prazer, eu sou Jimmy Carter, presidente dos Estados Unidos. Você não precisa ser apresentado. Para Pelé, em 1977.

A mais icônica comemoração do futebol é o soco no ar de Pelé. Uma explosão genuína. Uma mistura de raiva com alegria. Um desabafo. É quase como se fosse uma criança fazendo um gol e correndo para o pai provando: “eu consigo”. Bruno Formiga, jornalista brasileiro.

O soco no ar era o grito de muitos e Dele por muitos. A vitória do preto no branco do Santos contra os diabos preconceituosos. Racistas. Exclusivistas. Ditatoriais. Intolerantes. Rei da maior democracia do esporte, o futebol, o soco no ar de Pelé também era um golpe na fuça e na farsa de quem não queria a vitória dos oprimidos e excluídos. Dos sem posses e dos possuídos por outras forças e fraquezas. Pelé foi o filho da África que melhor a defendeu em campo. Podia ter falado mais a respeito? Óbvio. Mas o que falou pela bola, ninguém sabe nem o beabá. Cobrar Édson por Pelé é desnecessário. Não enxergar o que defendeu atacando os rivais é essencial. Invisível a muitos olhos que só enxergam o mundo em preto e branco. Ou apenas branco. Mauro Beting, jornalista esportivo e curador do Museu da Seleção Brasileira.

Junto com o culto a Messi, sabor de sorvete do momento, ganha espaço neste século a ideia de que as proezas de Pelé se deram num tempo em que o futebol era “fácil”. Ainda que fosse verdade (não é), faltaria explicar por que era fácil só para ele. Apesar de burra, a tese se fortalece quando combinada a certa antipatia provocada na opinião pública pelas limitações do Rei —ou de Edson, seu alter ego plebeu— como cidadão e personalidade pública. Conservador por temperamento, Pelé atingiu seu ponto mais baixo na estima nacional quando resistiu a assumir a paternidade de uma filha, Sandra, que parecia um clone seu. Se é inegável que ele foi uma inspiração poderosa para milhões de negros em todo o planeta, sua postura conciliadora em tais questões entra em conflito com a doutrina antirracista contemporânea. Por outro lado, sendo um preto retinto de sucesso avassalador num país dominado pelas cepas mais covardes do racismo, passou a carreira desagradando secretamente a muita gente. Que ninguém tenha dúvida: há na relativa falta de carinho público que o cerca na velhice uma boa dosagem de vingança. Sérgio Rodrigues, jornalista e escritor brasileiro.

Eu quero sempre agradecer a tudo que meus pais me deram na vida. E ao meu irmão Zoca, que jogou comigo no Santos, e à minha irmã Maria Lúcia. Pelé, quase sempre que citava a família, lembrava o irmão que sofreu demais com as comparações na curta carreira que teve como meia. Ele atuou pelo Santos entre 1961-62. Em 15 jogos, Zoca marcou 4 gols. Dois anos mais novo que Pelé, Jair Arantes do Nascimento se formou em três faculdades e trabalhava na administração dos negócios da família. Zoca morreu dois anos antes que o Rei. Maria Lúcia é a irmã caçula.

Pelé, com 21 anos, marcou 429 gols. Somando tudo que marcaram Messi e Cristiano Ronaldo com essa mesma idade, não chegam à metade de Pelé. Teo José, narrador esportivo brasileiro.

Querido Coutinho, Deus coloca as pessoas no caminho da gente e não diz qual a razão. Mais que agradeço a Deus por ter colocado você ao meu lado no time do Santos, e agora tê-lo como irmão. Pelé, em carta de próprio punho escrita a pedido do jornalista e escritor Carlos Fernando, que assina a biografia do melhor parceiro de Pelé. Em 21 de janeiro de 2010.

Sete vezes bola de ouro. Um talento ímpar. Parabéns, Messi. Pelé.

Sua estrela vai sempre brilhar. E você vai voar cada vez mais alto, Mbappé. Pelé.

Parabéns, Cristiano, por tudo que você tem feito pelo esporte. Instagram do Pelé, em 2021.

Meu amigo Roger Federer, deixar de fazer o que mais amamos é sempre uma decisão difícil. Porém, encontramos a paz quando temos certeza que demos o máximo de nós a cada desafio. Sua jornada marcou a todos. Você é, e sempre será, um ídolo. Instagram de Pelé, homenageando o Pelé do tênis.

Hoje é o dia de fazer valer todos os conselhos, treinamentos e desafios da jornada. Meu menino Rodrygo, respire fundo e seja você mesmo. Instagram do Pelé no dia da final da Champions League de 2022, entre Real Madrid x Liverpool.

Por isso o futebol é o esporte mais lindo do mundo. Eu pude ver um amigo querido como o Vinicius Jr., que superou tantos desafios, decidir um jogo épico. Estou encantado por ver o Marcelo ser o primeiro brasileiro a levantar uma taça da Champions League como capitão. Instagram do Pelé, no dia da vitória do Real Madrid contra o Liverpool, em 2022.

No meu tempo, com todo o respeito aos colegas, acho que a gente tinha um pouco mais de liberdade para jogar, dava para parar a bola. Agora já não tem mais tanta. Pelé, em 2006.

No futebol de hoje, eu teria feito pelo menos três mil gols. Pelé, em 2002.

No tempo de Pelé, a bola e a chuteira eram de couro de verdade. Em cada chute ecoava o último mugido do animal. Eram grosseiras e pesadas, e, com a grama molhada, passavam a pesar o dobro do seu peso inicial. Os gramados, por sinal, eram uma tristeza, cheio de buracos — a tal ponto que os goleiros precisavam usar joelheiras. As camisas eram de uma malha que acumulava suor e também pesavam no corpo — ao fim dos 90 minutos, era como se cada jogador estivesse carregando um companheiro nas costas. Imagina a diferença que isso faria, digamos, nas cabeçadas — na quantidade de esforço para impulsão. Ruy Castro, biógrafo de Garrincha.

Alguns jogos [na época de Pelé] aconteciam não em gramados, tampouco em relvados nus, mas em lamaçais. Nos casos mais extremos, quase pântanos. Apesar disso, lá está Pelé, conduzindo a bola como quem passeia o seu cão bem treinado. A bola segue fielmente o pé, obedece, não foge. João Moreira Salles, documentarista brasileiro.

A perfeição de Pelé seria ainda mais perfeita hoje. Turíbio Leite de Barros, fisiologista, em 2003.

Isso era o Pelé. O atleta do século combinado com o melhor e mais inovador jogador da história do esporte. Ao invés de pensar que os marcadores eram mais ingênuos e o futebol mais lento e menos físico, tente imaginar Pelé com os recursos de hoje. Seria o que foi, é e sempre será: Rei. O maior e melhor. O mais transformador. O verdadeiro divisor de águas entre recreação e esporte de alto rendimento no mais apaixonante deles. O Atleta do Século XX. André Rocha, jornalista esportivo brasileiro.

Muita gente se pergunta se Pelé conseguiria se impor no futebol de hoje, um esporte mais rápido, mais técnico e mais exigente fisicamente. É exatamente o contrário. O certo seria perguntar se os grandes jogadores de hoje conseguiriam jogar tão bem nas condições de antigamente. João Moreira Salles, documentarista brasileiro.

O Pelé é muito melhor do que eu pensava. Armando Nogueira, jornalista, depois de escrever o texto de “Pelé Eterno”.

O Édson conseguiu saber que o Pelé realmente existiu. Édson Arantes do Nascimento depois da primeira sessão do filme “Pelé Eterno”, em 2004.

Tem gente que vai achar que é montagem. Mesmo vendo os lances, eles não vão acreditar. Clodoaldo, tricampeão mundial em 1970, companheiro Dele no Santos e na seleção, comentando o filme “Pelé Eterno”.

Eu pude mostrar ao Édson que o Pelé existiu. Pelé, depois de ver o filme “Pelé Eterno”.

Ele joga como Deus jogaria, se Deus decidisse se dedicar seriamente ao assunto. Pelé marca encontro com a bola aonde for e quando for e como for, e ela nunca falha. Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaio.

O jogador perdeu a paixão pelo seu país, pelo seu clube. Mas pelo futebol em si, não. Ele vai continuar jogando e ter emoção por ele. Mas ninguém joga por um clube para ser fiel a um clube. Hoje em dia, o atleta profissional joga no país que paga mais. Eles não têm essa lealdade. Pelé, em 2015. Ele atuou de 1956 a 1974, pelo Santos, onde pendurou as chuteiras. De 1975 a 1977, retomou a carreira no New York Cosmos.

Acho que o futebol não tem nada a ver com a corrupção dos políticos. O futebol sempre enalteceu o Brasil. Pelé.

Faltam 10 meses para começar a Copa. Não vai dar tempo para ver o que foi gasto. Então vamos aproveitar para arrecadar com turismo e compensar o dinheiro que foi roubado dos estádios. Pelé, setembro de 2013.

Os cartolas no Brasil roubam os clubes, acabam com o dinheiro, e daí culpam a Lei Pelé. Pelé, em 2001, três anos depois de assinar a lei (como ministro do Esporte) que mudou a legislação esportiva.

Não é uma boa ideia realizar manifestações porque a nossa Seleção promove o Brasil. Não é culpa dela se existe corrupção no país. Pelé, antes da Copa de 2014.

“ABC, ABC, toda criança tem que ler e escrever... Criança sem escola não levanta o nosso Brasil”. Letra de música de Édson Arantes do Nascimento.

Tudo que um jogador de futebol pode fazer, Pelé fez primeiro. Erling Haaland, Pelé norueguês.

Que a nossa realeza seja representada por um homem negro, descendente de povos escravizados por uma monarquia anedótica, é um fato simbólico e ao mesmo tempo emblemático. Douglas Ceconello, jornalista esportivo brasileiro.

Se, com a bola no pé, Pelé foi inspiração, com a caneta na mão, como ministro do Esporte, ao assinar a Lei com seu nome que extinguiu o passe do atleta profissional, o Rei não perdeu a oportunidade de decretar a abolição ao futebol, dividindo o poder dos dirigentes com os meninos pobres e pretos — gente que, como ele, eram os verdadeiros donos do espetáculo. Márvio dos Anjos, jornalista esportivo brasileiro.

Nada vai superar o simbolismo de, num país colonizado por uma monarquia, o único rei legítimo ter sido justamente um descendente dos povos escravizados. Breiller Pires, jornalista esportivo brasileiro.

Não foi por acaso que o país que até hoje mal se livrou da escravidão e jamais quis clarear as normas do poder elegeu como Rei o seu jogador mais negro e, como negro, o mais brilhante e luminoso futebolista da história desse esporte inventado pelos ingleses. Roberto DaMatta, antropólogo brasileiro.

O racismo é menor no mundo do futebol porque existiu Pelé. Tibe Bi Gole Blaise, cônsul da Costa do Marfim no Brasil, em 2023.

Nunca senti vontade e nem necessidade de me posicionar e tomar qualquer medida em defesa da minha cor. Sempre fui muito bem tratado pelas autoridades e pelo povo dos países onde joguei. Pelé, em 1971.

Pelé não se posiciona sobre a questão [racial]. É um absurdo. O cara é o atleta do século, a figura mais popular do mundo, e não usa isso para brigar pelas causas justas. E sempre que abre a boca para se pronunciar não fala nada correto. Eu prefiro falar de Muhammad Ali, Martin Luther King, Nelson Mandela. Esses foram grandes líderes que brigaram pelos negros. Paulo Cézar Caju, companheiro de Pelé na Coa de 1970, em 2014.

Se eu fosse parar o jogo cada vez que me chamassem de macaco ou crioulo, todo jogo teria que parar. Pelé.

O racismo é menor no mundo do futebol porque existiu Pelé. Tibe Bi Gole Blaise, cônsul da Costa do Marfim no Brasil, em 2023.

Demonstrei que, no esporte, a cor não é nenhuma dificuldade. Eu nunca tive problema. Foi através do esporte que muita gente se integrou. Pelé, em 1977.

Fora de campo, em uma época de tanto racismo, quando olhavam torto para os negros em qualquer lugar e ocasião, estendiam o tapete vermelho para o “negão” em todo o mundo. Nisso ele foi importante demais! Paulo Cézar Caju, em 2023.

Ele não era tão político quanto Ali, mas foi icônico e essencial na questão racial. “The Times”, jornal inglês.

Desmond tutu foi um grande líder. Ganhador do Nobel da Paz. Inspirador na luta contra o racismo e a favor da igualdade. Ele dizia que todos somos um. Poucas frases são tão verdadeiras. Pelé.

Nesses gestos contra o preconceito e a desigualdade, gosto de comparar Pelé a líderes como Nelson Mandela e Martin Luther King! Paulo Cézar Caju, em 2022.

Futebol e alegria. É uma dança. É uma festa. Infelizmente o racismo ainda existe. Mas não permitiremos que isso nos impeça de continuar sorrindo. Instagram de Pelé apoiando Vinicius Jr, do Real Madrid, vítima de preconceito racial na Espanha, em 2022.

Tudo que as nossas classes dominantes, jogando tanto na esquerda quanto na direita, até hoje devem ao futebol: o disputar com elegância e de acordo com as regras. Prova isso algo notável, ausente em qualquer celebridade perdida no labirinto do seu narcisismo: a implacável e surpreendente divisão com a qual Pelé atuava. De um lado, dizia, há o Édson Arantes do Nascimento; do outro, há o Pelé. Um é um homem negro comum que, sem o talento futebolístico seria provavelmente pobre e certamente passaria em branco, ignorado pelo nosso sistema que não olha para o lado e odeia ver os que estão em baixo. O outro é o Rei do Futebol. O herói que resgatou o orgulho e a esperança de vitória do povo brasileiro. Perdemos os dois. Roberto DaMatta, antropólogo, brasileiro.

Pelé foi a primeira coisa que me fez gostar do Brasil. Ver um homem negro e brasileiro, como eu, sendo indiscutivelmente o melhor no que fazia me fez acreditar que apesar de tudo, havia algo em que acreditar. Ele foi o sonho que se fez matéria. Obrigado, Pelé, obrigado Rei. Silvio Almeida, jurista, Ministro dos Direitos Humanos do Brasil em 2023.

O fato de Pelé ter alcançado tudo que alcançou sendo um homem negro de origem pobre num país profundamente racista como o nosso era inspirador para milhões de jovens que como ele crescerem às margens da sociedade e sonhavam com mudanças. Buenocaos, no seu Instagram, explicando o porquê de se inspirar no beijo de Pelé e Muhammad Ali, na despedida do futebol, em 1977, para fazer várias artes e lambe-lambes com beijos de Pelé em outros ícones mundiais.

Quem nos deu rumo foi o futebol. Quem nos deu o futebol, foi Pelé. Um negro, como tinha que ser. Júlio Gomes, jornalista esportivo brasileiro

Pelé é coisa de pele. Preto para provar ao mundo que não se pode distinguir e discriminar. Ele é Rei na democracia mundial do futebol. Mas é rei de real, não da nobreza, por fazer reais os lances irreais. É rei não por não perder a majestade. É rei por fazer simples as coisas complexas. Édson Arantes do Nascimento tem o nome do gênio que inventou a lâmpada. Como o Thomas, Édson não é o gênio dela. Mas ilumina com o mesmo mantra do inventor de quase tudo: “o gênio consiste em um por cento de inspiração e noventa e nove por cento de transpiração”. Palavras do Édson. Dá 100%. Deu 10. De Pelé. Mauro Beting, jornalista esportivo brasileiro.

O futebol feminino é um espetáculo. Instagram do Pelé, em 2022.

Eu não fui campeão olímpico. Era meu sonho ser campeão olímpico. Pelé

Pelé foi eleito o maior atleta de todos os esportes no século XX pelo Comitê Olímpico Internacional. Mesmo sem ter atuado em uma Olimpíada. Isto é Pelé. Fiori Gigliotti, locutor esportivo, um dos que mais narraram pelo rádio os lances do “Moço de Três Corações”.

Pelé, o craque café. Geraldo José de Almeida, narrador esportivo brasileiro.

Deus de todos os estádios. Valdir Amaral, narrador esportivo brasileiro.

Eu tinha um orgulho como santista para rebater qualquer provocação durante a fila sem títulos, na minha infância e juventude: eu torcia pelo time do maior jogador do mundo de todos os tempos. Meu time era o time do Pelé. Ele é uma energia que nunca deixou a Vila Belmiro. William Tavares, jornalista esportivo brasileiro.

No futebol, assim como na vida, precisamos olhar para frente e ponderar sobre nossos próximos movimentos constantemente. Pelé.

Vladimir Putin, pare com essa invasão. Carta de Pelé ao líder russo, logo depois do início da Guerra na Ucrânia, em 2022.

A melhor maneira de anular Pelé é com um zagueiro marcando em cima Dele, outro fazendo a cobertura, e o terceiro indo buscar a bola no fundo da rede. Sergio Arapuã de Andrade, cronista.

Fazia as coisas complicadas como se fossem as mais simples. Luís Suárez, meia-armador espanhol, e técnico da Fúria.

No nosso tempo não tinha jogador que se preocupava com a bola, estava preocupado em te marcar. A maioria dos jogadores não se preocupava com a bola, se preocupava em acertar o tornozelo. Pelé.

Quem trabalhou com Pelé trabalhou com o maior do mundo. Mario Américo Neto, neto do massagista da Seleção Brasileira por sete Copas (1950 a 1974), teve a faculdade de fisioterapia paga por Pelé. O avô dele dormia com o Rei para ajudá-lo a se recuperar para poder estrear na Copa de 1958.

O massagista Mário Américo é uma lenda. Ele esteve em muito mais Copas do que eu. Ele foi fundamental para que eu jogasse a Copa de 1958. Não podemos jamais esquecer a história dele. Pelé.

Tudo que foi feito certo foi pelo Pelé. Tudo que foi mal feito ou feito errado foi pelo Édson. Pelé

Para os brasileiros, falar sobre Pelé é falar sobre algo superior. Uma entidade. Ronaldo Fenômeno, marcou mais gols do que Pelé em Copas do Mundo.

Hoje você tem jogadores no Manchester United, Real Madrid, Milan, ou em qualquer outro clube, que chegam e beijam a camisa. No dia seguinte, ele muda de time e beija outra camisa... Acho que isso é algo que precisamos prestar atenção para a próxima geração. Pelé, 2011.

Um dos motivos de eu não deixar o Brasil durante a minha carreira seria a saudade do arroz com feijão de dona Celeste. Pelé.

Pelé teve a chance de escolher qualquer lugar do mundo. Se ele quisesse jogar um jogo por cada time da Europa, os europeus mudariam os regulamentos para permitir. Ganharia a posse dos estádios, se isso exigisse em troca de um contrato. Acabou ficando. Porque quis, e porque o futebol brasileiro, encorajado pela auto-estima que o Rei injetou em nossas veias, fez um esforço inacreditável, por anos, para viabilizar, pagar, manter Pelé entre nós e vencer o braço-de-ferro contra a força brutal do poder econômico. Que vitória, a nossa. Pelé ficou aqui graças a inúmeros jogos em dezenas de países. Pelé foi nosso graças aos jogos que muitos ainda insistem em chamar de "não-oficial". Sem Pelé, seríamos todos uns clandestinos. Leandro Iamin, jornalista brasileiro.

Sou feliz em meu país. Não preciso jogar na Europa para ser feliz. Pelé.

Nunca rezei para ganhar um jogo. Mas sempre pedia a Deus para que ele não acabasse zero a zero. Pelé.

O Santos conquistava em 2011 a sua primeira Libertadores sem Pelé em campo. Até a hora em que Ele entrou no gramado de mãos dadas com o técnico Muricy, para a entrega do troféu. Aí eu chorei. Ademir Quintino, jornalista esportivo brasileiro.

Pelé nasceu para ser Pelé. Ele era um… Pelé nas relações públicas. Antero Greco, jornalista esportivo brasileiro.

Eu não sei se admiro o Pelé mais como gênio absoluto pelo que fez no gramado ou por tudo que eu O vi fazendo ao atender a todas as pessoas que conversavam com Ele. Marcelo Teixeira, ex-presidente do Santos.

Eu convivi com Pelé e por isso, por tudo que ele fez, a simplicidade foi o que mais me emocionou e surpreendeu. Jamais se perdeu na vaidade. O cara que nunca perdeu a calma no tratamento com o público. Ele sempre separou o Pelé do Édson. Porque Pelé sempre foi sinônimo de perfeição, e esperavam que o Édson Arantes do Nascimento também fosse. Futebol tem nome a partir desse cara. É Pelé. Fausto Silva, jornalista esportivo nos últimos anos de carreira de Pelé.

Ídolo mundial, portas abertas em todos os cantos, jamais Pelé teve palavras ou gestos arrogantes. Diante de microfones de emissoras de lugares distantes ou de veículos estrelados, sempre foi o mesmo. Atendia um por um. A bordo de aviões, assinava um bloco de autógrafos para os comissários que distribuíam a todos os passageiros. Wanderley Nogueira, jornalista esportivo brasileiro.

A habilidade de Pelé era única, mas o calor humano dele era universal. Harry Winter, jornalista inglês.

Sempre me impressionou um Rei tratado como divindade se comportar, durante seu reinado, como um ser humano tão comum. Gian Oddi, jornalista esportivo brasileiro.

Nunca vi Pelé ser ríspido e desatencioso com ninguém. Nisso também ele é um Rei. Edu, ponta-esquerda do Santos e do Brasil na Copa de 1970.

A primeira vez que encontrei o Pelé, eu tinha 15 anos. Naquela época, os garotos da base não tinham contato com os profissionais. Uma vez, o coordenador disse que o time principal já tinha desocupado o restaurante e o local estava liberado. Fui o primeiro a chegar. Ao abrir a porta, dei de cara com o Rei comendo a sobremesa. Ele me jogou uma maçã. O Pelé era isso, simplicidade. Clodoaldo foi tricampeão mundial em 1970. Com 20 anos.

Eu tive o prazer de ser bicampeão do mundo ao lado do Pelé, jogando com Ele dentro de campo. Eu tive o privilégio de escalar o Pelé como meu jogador na conquista do tri, quando eu era treinador do Brasil, em 1970. E ainda tive a raríssima honra de ser torcedor do Pelé, atuando ao lado Dele. Zagallo.

Pelé é o maior brasileiro da história e o mais conhecido brasileiro em todo o mundo. Fernando Calazans, jornalista esportivo brasileiro.

O Pelé simboliza essa grandeza que o Brasil não teve em outros setores da sua vida. Ele é mais do que um símbolo, é a própria realidade disso, porque o Pelé existiu. O Pelé não foi um sonho. A perfeição que se cobrava de toda uma seleção brasileira acabou se encontrando no Pelé. João Máximo, jornalista esportivo brasileiro.

Vem aí o time de blusa branca? A famosa camisa amarela e verde? “Hoy no trabajamos. Porque vamos ver a Pelé”. Diziam os cartazes mexicanos espalhados em 1970, onde Pelé conquistou nossa terceira estrela - a mais marcante pra ele como protagonista, afinal, só jogou um jogo em 1962 - muito bem substituído por quem sempre o acompanhou tão bem em campo. Se Pelé foi Mané em 70, Mané foi Pelé em 62. Juntos, então, nunca saiu nada que não o sorriso de milhões de brasileiros. Daniel Braune, jornalista esportivo brasileiro.

Eu sou carioca e não sei o porquê de ser santista. O que eu sei é que agradeço demais ao Pelé por isso. Do mesmo modo como a gente não sabe o porquê de o Pelé ser o Pelé, certas coisas na vida não se explicam. Elas se sentem. Jorge Iggor, narrador esportivo brasileiro.

Eu não torcia por um clube até a noite em que Pelé parou de jogar contra a Ponte Preta, na Vila Belmiro. Eu fui com meu pai assistir ao jogo. Quando a partida recomeçou depois de o Rei se despedir do futebol, com meu pai triste e calado, eu resolvi que tinha que fazer alguma coisa para consolá-lo. Pensei no que poderia o deixar mais alegre. “Pai, acho que eu vou torcer pelo Santos”. Ele olhou para mim, enxugou as lágrimas, pôs a mão no meu ombro, sorriu e não falou nada. Mas nem precisava. Naquele momento, eu vi que tinha substituído Pelé. Foi assim, no dia mais triste da história do meu time, que eu me tornei santista. José Roberto Torero, escritor brasileiro.

Um título que ninguém tira no mundo é o de rei do futebol de Pelé. Mauro Cézar Pereira, jornalista esportivo brasileiro.

O futebol brasileiro só existe porque existiu Pelé. Ele é o futebol. Ana Thais Matos, jornalista esportiva brasileira.

As pessoas conheciam o Brasil por causa de Pelé. Eu aprendi muitas coisas no futebol só de colecionar o álbum de figurinhas Dele. Zico, o Galinho de Quintino

Tenho um orgulho imenso de ter vestido a mesma camisa 10 que você imortalizou. Referência no futebol por tudo. Obrigado, Pelé. Roberto Dinamite, maior artilheiro da história do Brasileirão, o Pelé do Vasco da Gama.

Pelé fez o mundo todo sorrir com uma bola de futebol. Elano, ex-meia do Santos.

A cabeça fala pro coração que fala para os pés o que fazer em campo. Pelé.

Você faz o que você quiser. Você é o Pelé. Luciano do Valle, narrador esportivo brasileiro, quando o Rei perguntou a ele, então treinador da seleção brasileira de Masters, o que teria que fazer em campo em jogo da equipe.

Tirar a bola de Pelé era quase impossível. Ele fez gols de todos os jeitos possíveis. João Máximo, jornalista esportivo brasileiro.

Pelé ê um fenômeno antropomórfico. Alberto Helena Jr., jornalista esportivo brasileiro.

Somos um país em que a música e o futebol criaram sentidos de vida nas frestas de um muro de exclusão e inventaram um país possível. Pelé, como herói civilizador, driblou o Brasil - projeto de horror - inventando brasilidade - aventura de beleza, transgressão e arte. Professor Luiz Antonio Simas.

O melhor de Pelé é que ele fazia tudo com simplicidade. Ele foi o maior dos virtuosos, mas sempre buscou o mais fácil, o mais seguro. Algo que ainda não aprendemos. Rogelio Domínguez, goleiro argentino, jogou no Flamengo, nos anos 1960.

Além de ter o dom divino de jogar futebol, na parte física eu conseguia me superar. Pelé.

Pelé era só futebol. Michel Platini, craque francês nos anos 1970-80.

Temos que ser dignos e competentes para mostrar ao mundo que não somos apenas pentacampeões, mas também pessoas com sentimentos e boas maneiras, obedecendo à regra número um de todo esporte e da vida – saber perder. Pelé.

O dom que Pelé recebeu de Deus não foi jogar futebol como um Deus. Foi o de tocar o coração das pessoas de todo o mundo. Como eu, que nunca pude o ver em campo. Gianni Infantino, presidente suíço da Fifa.

O maior jogador de futebol de todos os tempos. Ele reinou absoluto por 20 anos. Ninguém chegou perto dele. Franz Beckenbauer, o Pelé alemão.

Um dos maiores jogadores que eu vi jogar e que a vida me deu a oportunidade de ser meu amigo: Franz Beckenbauer. Pelé.

Pelé não é apenas um atleta, é um escultor do ar, um grande poeta de gestos e músculos. Ele não busca apenas o gol, busca a felicidade da beleza. Arnaldo Jabor, cineasta.

No momento em que a bola chega a Pelé, o futebol se transforma em poesia. Pier-Paolo Pasolini, cineasta italiano.

Um artista é uma pessoa que consegue iluminar uma sala escura. Não vejo diferença entre a poesia do jovem Rimbaud e o passe do Pelé para o Carlos Alberto, no quarto gol do Brasil, na final da Copa de 1970. São manifestações artísticas que nos tocam e nos dão uma sensação de eternidade. Eric Cantona, atacante francês, e ídolo do Manchester United.

Sua realeza vai além do gosto e da opinião. Era real porque Pelé foi praticante de uma atividade na qual o talento se expressa no seu estado mais puro e vivo. Foi dele a tarefa e o destino de transformar o mero desempenho esportivo numa autêntica arte performativa. Tal como fazem os grandes músicos. Os virtuoses, cujos movimentos tornam real o que mal pode ser imaginado e, assim, reúnem Beleza e Verdade. Algo raro num país elitista, paternalista e aristocrata, mas tocado por gente negra – africana e estrangeira – duplamente explorada e estigmatizada. Roberto DaMatta, antropólogo brasileiro.

A seleção girava em torneio de Pelé, e o mundo girava em torno dele. Paulo Vinícius Coelho, jornalista esportivo brasileiro.

Converteu o futebol em arte. Deu voz a negros, pobres e a todo Brasil. Neymar Jr., herdeiro da camisa 10 do Santos. E que Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe dizem que tinha bola para jogar com ele nesse ataque santista. E que Jairzinho disse que jogaria no ataque do Brasil em 1970.

A cada passo da minha jornada, a cada dia que consigo vencer uma pequena partida, eu comemoro como se tivesse feito um gol. Sinto falta dos amigos para celebrar junto. Mas me sinto abraçado por todos vocês. Instagram do Pelé.

Sempre foi minha maior honra representar o Brasil. Eu era apenas uma criança em 1958 quando pude realizar isso. E fazer isso na maior competição, marcando gols importantes, e ainda levantando o troféu, foi um sonho realizado. Instagram de Pelé.

Você sempre tem que se preparar. Quando você achar que é o melhor, que está bem, você está ferrado. Pelé.

Eu te vi crescer, torci por você todos os dias e finalmente posso lhe parabenizar por igualar meu número de gols oficiais pela Seleção Brasileira. Nós dois sabemos que isso é muito mais do que um número. Instagram de Pelé quando Neymar marcou o gol do empate contra a Croácia, na Copa de 2022.

O seu legado está longe de chegar ao fim. Continue nos inspirando, Neymar. Eu continuarei dando socos no ar de felicidade com cada gol que você fizer, como fiz em todas as partidas que vi você em campos. Instagram do Pelé em 9 de dezembro de 2022. Foi o último gol que Pelé pôde celebrar.

Eu sou chorão. E foi mesmo uma grande emoção dar uma chuteira e encontrar um grande ídolo como Eder Jofre, tricampeão mundial de boxe, em 2018. Hoje estou muito triste com seu falecimento. Isso me fez refletir como é importante homenagear grandes ídolos em vida, e não somente depois da partida. Instagram de Pelé, em 2 de outubro de 2022.

Que presente foi assistir a este espetáculo do futuro do futebol. Messi vencendo sua primeira Copa como era merecido. Meu querido amigo Mbappé marcando quatro gols numa final. E não poderia deixar de parabenizar ao Marrocos. É muito bom ver a África brilhar. Instagram de Pelé, na última partida de futebol que Ele viu, no leito do hospital paulista Albert Einstein, na final da Copa de 2022, em 18 de dezembro.

Pelé morreu, se é que Pelé morre. Capa do jornal “O Estado de S.Paulo”, em 30 de dezembro de 2023.

Pelé merecia que todos os obituários fossem bem trabalhados nos últimos dias, em todos os idiomas possíveis. Merecia que as manchetes de sua morte já estivessem bem definidas, com palavras escolhidas e encaixadas no espaço determinado. Merecia as melhores fotos. Merecia que a família inteira pudesse se despedir dele. Merecia que o país inteiro pudesse se despedir dele, em dias de férias e pouco agito. Júlio Gomes, jornalista esportivo brasileiro.

Faz 45 anos que Ele não lança um álbum, estrela um filme, escreve um livro, faz outra obra-prima, faz um gol. E Ele ainda é o Pelé do futebol. Imortal da academia que hoje chega ao céu saudado pela nona de Beethoven. Filmado por Fellini. Com o portal celeste como o nome da mãe dele aberto por Mandela e Gandhi. Madre Teresa o abençoa no céu. John e George empunham as guitarras para tocar “All You need is love”. Camões brinca que o craque que tem um olho na terra de cegos é Pelé. Da Vinci se vira para inventar mais coisas que Ele. Michelangelo marreta o joelho da nova estátua que fez para o Rei e grita: “parla, Pelé”. E o Pelé da arte mostra a versão da capela de Pelé Santista. Não é Sistina. Mas tem o toque dos dedos divinos. Com Zito já dando bronca em Pelé. Coutinho tabelando com as asinhas. Dorval voando sem elas. Mauro arrumando a cozinha. Garrincha driblando as cadeiras. Vavá enchendo o peito. Bellini e Carlos Alberto erguendo as taças. Nilton Santos e Djalma Santos abrindo as portas laterais. Didi limpando as folhas secas do salão celestial. Seu Dondinho lembrando ao filho como foi bom aprender a usar a cabeça. E Deus abrindo as portas do vestiário a Pelé para ser aplaudido em pé por Maradona, Cruyff, Puskas, Di Stéfano, Bobby Moore e pelezinhos de outros países. Banks dizendo que agora ele deixa passar aquela cabeçada de 1970 contra os inventores do futebol. O esporte que foi reinventado pelo mineiro de ouro. Pelé recebe a dez divina com um recado do pai: “aqui em cima somos todos iguais. Porque alguém como Você foi diferente. Fez milhões de um país injusto serem tricampeões com justiça. Fez muitos mais não ganharem o mundo porque vocês foram campeões justamente. Perder para Pelé não é ser derrotado. É ser vencido pelo Pelé do futebol. O próprio Pelé”. Hoje é dia de celebrar a partida de Pelé. Ele sempre será motivo de alegria. Isto é Pelé. Eterno. Um minuto de barulho para Pelé. O rei está vivo. Mauro Beting, quinta-feira, 29 de dezembro de 2022, 15h37.

Descanse em paz. Lionel Messi.

Eterno Rei Pelé. Zinedine Zidane, o Pelé francês.

Único, criativo, perfeito, o Pelé. Ronaldo.

Muitos foram bons. Alguns foram diferenciados. Poucos foram craques. Raros foram gênios. Só um foste Rei. Hoje a bola ficou órfã. Obrigado, Pelé! Sem ti, o futebol jamais seria o que é. Falcão, o Rei de Roma. E do Internacional.

Você se lembra onde estava em cada conquista de título mundial pela Seleção. E certamente você nunca vai esquecer onde estava e o que fazia no 29 de setembro de 2022, no momento em que soube da partida do Édson. Porque Pelé fica. Para sempre. Que comece a eternidade. Diego Bertozzi, jornalista esportivo brasileiro.

Pelé é eterno. Não deixa ninguém órfão porque sua obra, única e inigualável, é atemporal e imortal. A todos nós, planeta bola, loucos por futebol, não tenho muito o que escrever. Mortal, não estou à altura de um texto que retrate e homenageie toda a genialidade do Rei. Vitor Guedes, jornalista esportivo brasileiro.

Não é algo trivial para este país, que oscila tanto entre o otimismo eufórico e o pessimismo atávico em relação às suas capacidades. Pelé encarnou, como nenhum outro, um Brasil que é naturalmente potente. Os idiotas da objetividade (eles, mais uma vez), costumam menosprezar essa potência só por ser futebol. Mas não é apenas futebol. É identidade nacional. Quando um brasileiro é reverenciado como uma divindade em todo o mundo, sendo reconhecido como o maior de todos os tempos numa atividade que mobiliza tantas paixões, é o Brasil que se projeta se distingue. Se o Brasil não aproveita esse soft power como deveria, é outra história. Editorial de “O Estado de S.Paulo”, em 30 de dezembro de 2022.

Uma das lembranças futebolísticas mais impactantes da minha infância foi, ainda muito criança, descobrir que o Pelé estava vivo. Ele já era um mito do futebol e, para alguém de cinco anos, os mitos não estão entre nós como ele esteve até este 29 de dezembro de 2022. Eduardo Tironi, jornalista esportivo brasileiro.

Pelé só morreu depois de ver, da cama de um hospital em São Paulo, a consagração definitiva daquele que também se transformou em sinônimo de futebol. O épico de Doha torna tentador colocar Messi no topo. Talvez haja até alguma justiça nisso, vai saber, o futebol não se apega a esses detalhes. Mas Pelé fez antes, fez melhor, fez mais vezes, em condições mais difíceis. Martin Fernandez, jornalista esportivo brasileiro.

Pelé viu Maradona ser campeão do mundo em 1986. Pelé viu Messi ser campeão do mundo em 2022. Ele viu outros dois gênios repetirem o que ele fez, em campo, para então descansar. Fernando Martinho, jornalista esportivo brasileiro.

Pelé não morre. A gente é que passa desta para a pior sem Ele. Mauro Beting, jornalista esportivo brasileiro.

Nunca pensei que eu iria viver num mundo sem o Pelé. Luís Felipe Freitas, narrador esportivo brasileiro.

Você não foi o corpo que hoje se foi. Você é alma. Você é espírito. Você é pele. Pele é. Deus salve o Édson. Porque o rei está mais do que salvo. Marcos Eduardo Neves, jornalista brasileiro.

Perdi uma lenda hoje. Lewis Hamilton, piloto inglês, heptacampeão mundial de Fórmula 1.

Que o encontro agora de Pelé e Ayrton Senna seja maravilhoso e cheio de luz. Essa dupla sempre nos encheu de orgulho, divulgando o nome do Brasil pelo mundo. Nilson César, narrador esportivo brasileiro.

Você ensinou com arte e maestria ao mundo o poder único, e de escala global, de fomento, mobilização e engajamento do nosso tão amado esporte. Marta, a Pelé do futebol feminino.

Seu legado é eterno. Obrigado, Rei. Falcão, o Pelé do futsal.

Até o final do mundo ninguém será maior e melhor do que Pelé. É a única previsão minha que não será furada. Milton Neves, torcedor santista.

As pessoas que não viram até duvidam; as que viram consideram ter sonhado - e é por isso que há quem diga que esse ou aquele foi melhor. Não foi. Não dá. Ele foi uma força da natureza. Pelé eterno. Marília Ruiz, jornalista esportiva brasileira.

#semlegenda. Postagem no Instagram de Reinaldo, o Pelé do Atlético Mineiro, com a célebre foto de Pelé com a camisa da Seleção Brasileira, e um coração de suor no peito.

Muito obrigado por ter nascido brasileiro, Rei. Edmundo, vice-campeã mundial pelo Brasil, em 1998.

Tenho na minha memória distante uma camisa 10 da Seleção que eu sempre usava. No ano de 1974 e gritos de gol de Pelé por todo lado! Não tínhamos televisão, tenho no meu arquivo das poucas coisas que eu lembro com 4 anos de idade. Cresci santista sem apoio, lembro do cara preto de roupa toda branca, era familiar nos quintais que eu morava antes de ir pro colégio interno, lá todo mundo tinha seu time, o meu era esse, pra vida toda! Eterno súdito do Rei Pelé! Rei para Sempre. Mano Brown, músico brasileiro.

Você vai viver para sempre nos moleques das quebradas que sonham com futebol e que ainda vão ter a oportunidade de jogar o futebol da realeza. Você será sempre o maior esportista negro. Jordana Araújo, jornalista esportiva brasileira.

Pelé, Pelé, Pelé... Mais de mil vezes Pelé. E contando. Fausto Favara, narrador esportivo brasileiro.

Para quem nasceu no começo dos anos 1980, gostar do Pelé foi desafiador. Culpa dos adultos. Pelé comentava futebol com o Galvão Bueno e era criticado por isso, tratado como inconveniente e chato. Pelé namorou a Xuxa e sobrava deboche, inclusive racista, a respeito disso. Pelé foi ministro extraordinário do esporte, o que gerou outra linha contundente de críticas. Pelé teve uma desgastante polêmica envolvendo DNA e reconhecimento da filha, um dos temas preferidos dos anos 90. Edinho, filho do Pelé, virou goleiro do Santos, o que, para muitos, foi motivo de piada e rejeição: "só está lá pelo pai". Quando Pelé cantava, mostrando um simpático hobby, era ridicularizado. Eu ouvi sobre tudo isso e um pouco mais, sendo este pouco mais a volumosa onda de imitações do Rei, sempre falando "entende?" e dando opiniões impossíveis de entender. Emburrecendo o gênio. Leandro Iamin, jornalista brasileiro.

Morreu Pelé. O futebol fica com 10. Jornal boliviano “La Razón”.

O trio Oscar Niemeyer, João Gilberto e Pelé deve permanecer na memória como inspiração para acreditarmos que essa seja uma realização possível para o brasileiro. Valdomiro Neto, jornalismo esportivo brasileiro.

Um dos nossos [Pelé] dominou o jogo como nenhum outro. Uma supremacia que não se assenta em armas ou truculência, mas em brincadeira e graça. Sempre foi esse o seu dom, e, como lembrou José Miguel Wisnik, nada disso estava desconectado do Brasil: “Já se disse que um gol de Pelé, uma curva arquitetônica de Oscar Niemeyer e uma canção de Tom Jobim cantada por João Gilberto soavam então como ‘promessa de felicidade’, da parte de um exótico país marginal que parecia oferecer ao mundo a passagem leve e profunda da linguagem popular à arte moderna sem arcar com os custos da Revolução Industrial.” João Moreira Salles, documentarista brasileiro.

Pelé: nunca antes quatro letras foram tão grandes. Manchete de capa do jornal espanhol “Marca”, em 30 de dezembro de 2023, anunciando a morte de Pelé.

Os olhos de Pelé viam o que ninguém via, e que enviavam para seus pés, em velocidade inimaginável, ordens incompreensíveis — exceto para aqueles pés. Pés que, por sua vez, obedeciam às ordens sem questioná-las, porque nem tempo para isso haveria, visto que era urgente encantar aquele mundo que ainda não tinha dia e hora para acabar. Pois esse mundo acabou às 15h27 do dia 29 de dezembro e os 236.322 bebês das primeiras 24 horas e todos os demais que já vieram a este novo mundo e os que ainda virão à razão de 164 por minuto terão de aprender a viver num planeta sem Pelé. Nós, que pertencemos ao mundo que acabou, não saberemos nunca explicar direito a todos eles como fazer. Porque não sabemos. Um bom começo talvez seja dizer apenas love, love, love. Flávio Gomes, jornalista esportivo brasileiro

O fim de um mundo. Capa do diário francês “L’Équipe” no dia da morte de Pelé.

“O rei morreu, viva o rei!” A expressão foi usada pela primeira vez na coroação de Carlos VII, após a morte de seu pai, Carlos VI, numa França de 1422. Nem o Brasil ou o futebol existiam. Relembro-a agora porque perdemos um Rei. O Pelé que era de todos nós e que talvez tenha sido – dentre os que estão no nosso parco panteão de heróis com caráter – aquele que mais reuniu em sua figura as verdadeiras dimensões de um herói. Pois herói é quem enfrenta sem medo e com a honestidade do corpo as suas lutas, como foi o caso deste Pelé de três Copas, centenas de jogadas inigualáveis, mais de mil gols, nascido negro e na pobreza mineira, mas honrada, de Três Corações. Roberto DaMatta, antropólogo brasileiro.

Deus está te esperando. Hortência, a Rainha do Basquete.

Obrigado, Rei, por fazer do Brasil o melhor futebol do mundo. Zinho, tetracampeão mundial em 1994.

Foi um privilégio ter jogado esse esporte que, sem Pelé, nunca teria sido o que é. Denilson, pentacampeão mundial em 2002.

O talento de Pelé de ser um atleta completo deve sempre ser lembrado. Mas também a personalidade e dedicação às causas. Principalmente as que envolvem as questões sociais e com as crianças. É uma pessoa que sofria racismo calado, mas dava a resposta com trabalho. Isso perdura até hoje. Ele inspira cada um de nós, negros, a dizermos que somos capazes e temos que ser respeitados. Treinava mais do que todos, procurava se aperfeiçoar mais do que todos. É o atleta de todos os séculos, nunca será substituído. Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF em 2022.

O melhor de todos os tempos. Ponto. Artur Quezada, jornalista esportivo brasileiro.

Nós, seus súditos, seguiremos contando suas façanhas. Deixando vivo seu legado, como fizeram nossos pais. Luciano Huck, apresentador de televisão.

Obrigado ao menino que desde os 17 anos só nos deu alegrias e hoje, pela primeira vez, nos faz chorar. De orgulho. Tiago Leifert, jornalista brasileiro.

Nunca vai ter outro igual. E nem pode. Pedro Certezas, jornalista esportivo brasileiro.

Tive esse imenso privilégio que foi jogar ao seu lado! Chegou o dia em que não vou mais poder tabelar e comemorar gols com você… Jairzinho, o Furacão da Copa de 1970.

Percebo como Pelé representa o que eu tenho de orgulho pelo futebol-arte, pelo Brasil. Eu lembro dos mais antigos nos transmitindo o legado através das histórias. E quão poderoso e bonito é o futebol para um moleque brasileiro. Porque o Pelé sempre compartilhou a majestade. Quando minhas filhas se emocionam com a seleção canarinho na Copa, elas estão movidas pelo que Pelé nos presenteou com 17 anos. Ele já surgiu Rei. Paulo Ferretti, torcedor brasileiro.

Morreu Pelé, o homem que inventou o Brasil. Jornal italiano “Domani”.

O corpo de Pelé parou de ter funções vitais, aquelas que todos nós temos e que um dia perderemos. É da natureza. Podemos lamentar, chorar, nos entristecermos, como ocorre comigo, agora, enquanto escrevo. Reações humanas, de sensibilidade. Mas se você crê em outro plano, tenha certeza de que ele está por ali, lindamente dando seus dribles e comemorando gols e títulos. À espera de um dia voltar. Se é cético, agnóstico, ateu, creia na obra, na arte, no legado de Pelé. Antero Greco, jornalista esportivo brasileiro.

O nosso Rei Édson/Pelé deixou o mundo das coisas que tem fim e foi para o mundo das coisas que não tem fim. Assim como o Édson/Pelé eterno. Dunga, capitão do tetra mundial, em 1994.

A tela preta como a pele de Pelé na homenagem do Gustavo Villani no Instagram é singela e genial como o rei. E, como tal, teve gente que não entendeu. Debochou. Fez brincadeira com a partida final do Pelé… Muitas vezes, o brasileiro não mereceu ter nascido no país que Pelé tão bem defendeu e atacou. Tela negra de luto pela morte da cabeça e do coração de muita gente. Se é que podemos chamar isso de gente. Moisés Bianchi, torcedor brasileiro.

Eu, que adoro escrever, fiquei sem palavras. Chico Garcia, jornalista esportivo brasileiro.

O corpo de Pelé foi caçado implacavelmente dentro e também fora de campo. Ele precisava descansar. Nivaldo de Cillo, jornalista esportivo brasileiro.

O trono vazio. Édson descansa. A origem de todas as lendas… vive na memória, na história, na eternidade. E sequer é preciso fé. Pelé é um fato. Lucas Gutierrez, jornalista esportivo brasileiro.

Muito obrigado por tudo, rei. Grafite, atacante do Brasil na Copa de 2010.

O mundo é muito melhor com a obra do rei. Luís Roberto, narrador esportivo brasileiro.

Pelé inventou, ergueu e coroou o que chamamos de futebol brasileiro. O tom de amarelo da camisa, o salto e o soco no ar, a hierarquia indiscutível, tudo emana de seu nome, seu rosto e seus gestos. Ele também inventou um Brasil genial, feroz, carismático e imbatível. A imagem do país se entrelaçou à dele durante o transcorrer de sua vida, porque Pelé era o Brasil, sorridente e sedutor, em todos os cantos do planeta. Este Brasil, que provavelmente só existiu por intermédio dele, morreu com ele. André Kfouri, jornalista esportivo brasileiro.

O rei do Céu. Capa do jornal “O Romanista”, da Itália.

Quem viu, viu e aprendeu com o Rei. Quem não viu, perdeu, e não vai ver mais nada igual a elé. Gerson, companheiro de Pelé em duas Copas.

“Mil gols, mil gols, mil gols/ só Pelé, só Pelé, que jogou no meu Santos”. Torcida alvinegra saudando o féretro saindo da Vila Belmiro, em 3 de janeiro de 2023.

O tempo, tão poderoso, não pode controlar alma e coração – a nossa existência não terrena. Pelé agora é emoção, inspiração, lembrança, carinho, amor, talento e memória. É a vitória encarnada em uma palavra. É o único ser vivo que não precisou de sobrenome. Seu nome é Pelé e ponto final. O maior que já pisou neste mundo e que agora segue noutro. Para sempre, no coração de todos nós. Pelé vive, sem hora pra acabar. João Gabriel Falcade, jornalista esportivo brasileiro.

Pelé é sinônimo de Brasil. É muito maior que futebol. Ana Moser, ministra do Esporte, em 2023.

Edison, o inventor, morrera nove anos antes de Pelé ter nascido. Tendo registrado, incluindo a lâmpada, a patente de 1.093 produtos. Quase o mesmo número de gols que Édson marcaria até as 15h27 de 29 de dezembro de 2022. Foram 1.283. Flávio Gomes, jornalista esportivo brasileiro.

Vou agradecer para sempre o que esse homem preto fez pelo povo pobre. Paulo César Vasconcellos, jornalista esportivo brasileiro

Obrigado por tudo que deste ao mundo. Gabriel Batistuta, um dos maiores goleadores da história da Argentina, nos anos 1990-2000.

Pelé fez história e fez parte da história de todos nós. Bebeto, atacante tetracampeão mundial em 1994.

O mundo do futebol perdeu um herói. Robert Lewandowski, goleador polonês, duas vezes melhor jogador do mundo, no dia da morte do Rei que ainda está vivo.

Pelé não descansará jamais, a referência de máxima excelência em qualquer atividade durará para sempre, porque a busca pela perfeição é uma obsessão humana e o futebol é eterno. O que se vai é seu corpo, a presença física de um superdotado, do gênio que encantou o mundo ainda adolescente e, adulto, reinou com inesgotável carisma no universo real e imaginário do esporte mais popular do planeta. Enquanto a humanidade existir, assim como se dá com os nomes fundamentais em nossa trajetória como espécie, as duas sílabas que se sobrepõem a idiomas e sotaques permanecerão traduzidas, imediatamente, por um sorriso: Pelé. André Kfouri, jornalista esportivo brasileiro.

Meu amigo Édson, eu te amo. Pelé tá indo. Mas Pelé fica. Galvão Bueno, narrador esportivo brasileiro.

Felizmente ninguém poderá dizer que é lenda que ele parou guerras, que entrou nos Estados Unidos sem passaporte, fez papas interromperem audiências para recebê-lo ou que expulsou um juiz de campo. Porque tudo está devidamente documentado. Como é de se lamentar que, neste ponto, seja obrigatório informar que não, que não é verdade que Pelé tenha morrido. Quem morreu foi o Édson. Juca Kfouri, jornalista esportivo brasileiro.

Eu estava indo do Japão para Nova York. Numa escala, no Havaí, algumas crianças se aproximaram para pedir meu autógrafo. Eu precisava de algo duro para apoiar o papel e fiz isso em cima do meu passaporte. Entreguei o papel e a caneta, e o meu passaporte foi embora junto. Nos Estados Unidos, não deixam entrar sem o passaporte. Foram chamar o chefe e e o policial disse: “o meu filho adora soccer e você vai entrar.”. Isto é Pelé. No mundo todo. Depoimento do rei a Marcelo Duarte, jornalista brasileiro.

Como corintiano, você é eterno, Pelé. Meu malvado favorito. Rogério Micheletti, jornalista esportivo brasileiro.

A existência humana não conheceu adversário mais implacável do que o tempo. Impossível dominá-lo, rival imbatível numa disputa inglória: ora queremos que o tempo passe mais rapidamente, ora queremos ter mais tempo, ora queremos resistir à sua passagem... Talvez a grande genialidade resida na capacidade de passar toda uma vida à frente dele, do tempo. Provavelmente, nenhuma outra dentre tantas habilidades seja capaz de distinguir de forma tão essencial Pelé dos mortais. Carlos Eduardo Mansur, jornalista esportivo brasileiro.

Ele foi o primeiro a fazer todas as coisas que 99% dos jogadores não conseguem fazer. Gianni Infantino, presidente da Fifa desde 2015.

Vim hoje, como treinador do Santos, justamente quando o Pelé partiu, dar meus sentimentos à família Dele e também à bola. Vim aqui ao velório na Vila Belmiro pedir também a benção a Pelé. E tentar fazer com que as pessoas para sempre façam como o meu pai fez comigo. Eu não tive a felicidade de ver Pelé jogar. Mas o meu pai sempre me falou Dele. Espero que todo mundo faça o mesmo. Odair Hellmann, em 2 de janeiro de 2023, no velório de 24 horas na Vila Belmiro.

Essa imagem... Comecei a ler coisas, é a primeira vez que temos uma imagem tão nítida do Pelé. Essa é de fazer chorar. Porque as imagens que temos dele é daquela fera. Daquela explosão. Big Bang do futebol, que é um antes dele e outro depois. Esse é o palco que Pelé transformou em algo semelhante ao Metropolitan (museu em Nova Iorque), e ele está lá no seu principal palco para o Edson ir embora... Cléber Machado, narrador esportivo brasileiro, durante a transmissão do velório real, ao ver pela primeira vez Pelé mais de perto.

Qualquer homenagem que seja feita a Pelé é quase nada perto do tudo que ele fez pelo futebol. Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol, no velório real, em 2023.

Depois de quase uma década de desunião, desinteligências, polarização, intolerância, extremismo, extremas ignorâncias e pessoas, golpes, atentados à democracia e ameaças institucionais feitas por presidentes, vices, candidatos da situação e de oposição até ao bom senso, autoridades, autoritários e torcedores de políticos e partidos, a república brasileira só jogou o mesmo jogo para prestar homenagem a um rei. Pelé. Mais uma partida divina Dele conseguiu fazer o Brasil jogar junto. Amanhã já voltamos ao normal. Falando mal e fazendo pior. Não aprendemos em vida. Nem com a morte. Mauro Beting, no dia do enterro do 10, em Santos, em 03/01/2023.

Pelé é o maior neto da África de todos os tempos. Tibe Bi Gole Blaise, cônsul da Costa do Marfim no Brasil, em 2023.

Eu tive o privilégio que os brasileiros mais jovens não tiveram: eu vi o Pelé jogar, ao vivo, no Pacaembu e Morumbi. Jogar, não. Eu vi o Pelé dar show. Confesso que fiquei com raiva do Pelé, porque ele sempre massacrou o meu Corinthians. Mas, acima de tudo, eu o admirava. E a raiva rapidamente deu lugar à paixão de vê-lo jogar com o camisa 10 da Seleção... Poucos brasileiros levaram o nome do nosso país tão longe quanto ele. Qualquer que seja a diferença entre a língua e o português, os estrangeiros de todo o mundo rapidamente encontraram uma maneira de pronunciar a palavra mágica: "Pelé". Ele tem agora a companhia de tantos craques eternos: Didi, Garrincha, Nilton Santos, Sócrates, Maradona. Nunca houve um número 10 como ele. Obrigado, Pelé. Presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, no dia da morte do Rei.

O futebol talvez não tivesse o tamanho e a importância que tem pra gente hoje se não fosse por Pelé. Mariana Spinelli, jornalista esportiva brasileira.

Antes de Pelé, o atleta do futebol não se enxergava como um produto. Ele mudou a lógica do patrocínio esportivo. Erich Beting, jornalista brasileiro.

Eu agradeço a Deus porque sonhei em jogar futebol, joguei no maior time de futebol do mundo na época, com o melhor jogador do mundo, sendo amigo dele. Manoel Maria, ponta-direita do Santos.

Eu tive a alegria de torcer pelo Pelé, jogar depois no clube dele, trabalhar com ele no Santos, e ser amigo dele. Não preciso de mais nada na vida. Serginho Chulapa foi o maior artilheiro do clube depois Dele, até ser ultrapassado por Neymar.

Eu tive a honra e a felicidade de ser jogador do Santos de Pelé. E ter sido campeão brasileiro e da América com ele entregando o troféu da Libertadores. Léo, lateral-esquerdo do Santos.

Hoje é o dia mais doloroso da minha vida. Vovô Dico, você é o meu ídolo e sempre será. Xuxa, apresentadora de televisão, ex-namorada de Pelé, o Dico (apelido familiar desde criança).

Se não foram muitas lições, talvez, porque a vida não permitiu... Foram muitos exemplos... Obrigado por tudo... Força, meu pai... Meu Rei.... Mensagem nas redes sociais de Edinho, ex-goleiro do Santos, filho do Rei.

Além da rivalidade que existe entre Argentina e Brasil, ninguém pode duvidar que Pelé foi um dos maiores jogadores de futebol da história, para muitos o melhor acima de Diego Maradona e Lionel Messi. “Diário Olé”, argentino, no dia da morte de Pelé.

O rei jamais perderá a majestade. Ricardo Capriotti, jornalista esportivo brasileiro.

O maior herói. “The Times”, jornal inglês.

O Mundial de 1974 me despertou para o futebol. Cruyff, Beckenbauer. Uma nova era começava a ganhar forma ali. Mas o que eu queria mesmo era ver o Pelé na Seleção Brasileira. Paulo Calçade, jornalista esportivo brasileiro.

O rei do jogo bonito. Instagram da NASA homenageando Pelé no dia da partida final. Com a foto da constelação Sculptor “que mostra as cores do Brasil”.

É arriscado citar Pelé como "o maior jogador de futebol”, pois Maradona, Cruyff e Messi querem se sentar na mesma mesa. Diário argentino “Clarin”, em 2022.

O legado de Pelé é histórico e quase impossível de igualar. Diário argentino “La Nación”, em 2022.

O rei do jogo bonito. Diário argentino “La Prensa”.

Meu melhor companheiro se foi e é com esse sorriso que vou te manter perto de mim. Amigo de tantas histórias, vitórias e títulos e que deixa um legado eterno e inesquecível. A pessoa que muitas vezes parou o mundo. A pessoa que fez o número 10 é o mais respeitado. Um brasileiro que defendeu nosso país mundo afora. Hoje o mundo, em prantos, para e se despede do maior deles. O rei do futebol. Obrigado por tudo, Pelé. Você é para sempre. Eu te amo. Zagallo, em 29 de dezembro de 2022.

O mundo está triste. Você é e sempre será incomparável, Pelé. Paulo Cézar Caju, companheiro de tri no México, em 1970

Em um esporte que une o mundo como nenhum outro, a ascensão de Pelé, de origens humildes a lenda do futebol, é a história do que é possível. Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, em 2022.

Só somos o que somos porque Ele foi o que foi. Taynah Espinoza, jornalista esportiva brasileira.

Pelé entendeu o poder do esporte para unir as pessoas. Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos.

Ma10r. Campanha do Bradesco depois da morte Dele.

Pelé: o Pelé dos Pelés. Campanha da Brahma em homenagem ao Pelé do futebol.

Tudo o que grandes atletas hoje fazem, Pelé fez antes. Inclusive no marketing e na publicidade. Rodrigo Capelo, jornalista brasileiro.

Pelé foi o primeiro grande marqueteiro do esporte. Foi ele quem criou o modelo de negócios de patrocínio a atletas que vigora até hoje. Erich Beting, jornalista brasileiro.

Descrever o Pelé é humanamente impossível. Ele foi a perfeição. Ele desequilibrou o mundo. Gilmar, goleiro do Brasil bicampeão do mundo, e do Santos bicampeão mundial, em 1962-63.

Você foi e sempre será o maior de todos. Gratidão por ter me mostrado o inimaginável e inimitável no futebol. Careca, goleador brasileiro, foi o melhor parceiro de Maradona na carreira, atuando pelo Napoli.

Não será a morte um sinal de que até Pelé perdeu a eterna luta do homem contra o tempo. Ao contrário. É possível achar que um pedaço do futebol, talvez o pedaço mais importante, as páginas mais bonitas da história, morrem junto com o rei. Mas talvez seja ao contrário, talvez o futebol não morra um pouquinho junto com Pelé. Pelé vai viver um pouco mais, ou reviver, a cada partida de futebol. Ele viverá como ideal de perfeição, algo que, mesmo inatingível, humanos impotentes viverão a perseguir. A cada grande jogada, a cada gol, Pelé estará presente como o símbolo do ponto máximo que se pode atingir no jogo, como a obra mais bela que se pode compor num campo de futebol. E, outra vez, o tempo será inapelavelmente derrotado pelo rei. Nenhum adversário resistiu a Pelé, nem o tempo. É o que se chama eternidade. Carlos Eduardo Mansur, jornalista esportivo brasileiro.

O Rei é o jogador que mudou o futebol. Exemplo para todos nós. Vinicius Jr, atacante do Real Madrid.

Ele inspirou os jovens e fez o mundo se curvar ao seu talento. Romário, no dia da morte do Rei.

Seu legado jamais será esquecido. Kylian Mbappé, futuro Pelé francês.

Um legado eterno. Andriy Shevchenko, maior goleador ucraniano.

O maior jogador de todos os tempos. Não aberto para debates. Lúcio de Castro, jornalista esportivo brasileiro.

Nosso povo é respeitado no mundo pelo que Pelé fez pelo país. Rivaldo, pentacampeão em 2002 com a camisa 10 do Brasil, melhor jogador do mundo em 1999.

Você encantou, emocionou, tocou os corações. Lugar onde te levaremos sempre. Kaká, pentacampeão mundial em 2002, melhor jogador do mundo em 2007.

O Pelé é único. A gente não soube disso no Brasil. Talvez a gente tenha aprendido agora. Neto, camisa 10 do Santos em 1994.

Pelé se tornou conhecido em cada cantinho do mundo quando o mundo nem conseguia se conhecer direito. Foi o primeiro a levar a mágica do futebol pra vida de muita gente quando não existia nada perto do que conhecemos hoje como mundo globalizado. Foi o primeiro porque é o melhor. E não acredito que seja possível tirar sua coroa sem uma máquina do tempo. Clara Albuquerque, jornalista esportiva brasileira.

Nunca vi o Pelé jogar. Eu ouvi o Pelé jogar pelo meu pai. Eu li o Pelé jogar. Este é um dia para a gente sempre lembrar para a gente não esquecer jamais. A partir de agora, o Édson não pode mais falar sobre Pelé. Então cabe a nós mantermos o Pelé vivo. Rodrigo Fragoso, jornalista esportivo brasileiro, minutos antes do enterro de Pelé, em 3 de janeiro de 2023.

Devia existir um estádio para cinco bilhões de pessoas para que todo o mundo pudesse ver o Pelé jogar. Czecholosvakens News, agência de notícias.

O futebol de Pelé impediu a comparação com muitos jogadores a partir de 1958. Era maravilhoso jogar com Ele. Mas era dificílimo também entender tudo que Ele queria. Só o Coutinho conseguia compreender como fazer. Pelé via o campo todo e o que estava atrás e fora dele, também. Ninguém viu o futebol como Ele. Não só Ele enxergava tudo e além. Pelé também sentia o cheiro e ouvia o barulho dos outros jogadores. Como uma fera. Tinha mesmo instinto animal. Ele jogava parecendo uma cascavel quando dá o bote. Botava os olhos pra fora e atacava a sua presa. Almir Pernambuquinho, o “Pelé Branco”.

Na ordem cronológica: o Pelé do Santos, do Brasil, e do Cosmos. Na ordem universal: do Planeta Pelé no cosmos aterrissou no Brasil o ET do Santos. Mauro Beting, jornalista esportivo brasileiro.

Imagine o time do céu agora, com Pelé e Garrincha. Privilégio ter torcido e jogado com eles. Brito, zagueiro campeão mundial em 1970.

Eu não aposentaria a camisa 10 do Santos. Abrir mão de vê-la em campo é como uma autopunição. Temos o direito a vê-la. Sem ele? Sem ele, mas pelo menos com ela. Talvez fizesse mais sentido o Santos aposentar todos os outros números. Entrar em campo daqui pra frente com todos os jogadores usando o número 10. E se a Fifa proibir, descumpra, e se multar, que o banco que colocou "Pelé" no seu logotipo de 4 letras pague. Leandro Iamin, jornalista brasileiro.

Antes de Pelé, a camisa 10 era mais uma entre as 11 que entravam em campo. Fernando Fernandes, jornalista esportivo brasileiro.

Pelé definiu o que era o Brasil e deu identidade aos brasileiros. Júlio Gomes, jornalista esportivo brasileiro.

Eu só descobri a imensidão que Pelé representa quando saí do Brasil e me mudei para a Inglaterra. Ao viajar por tantos países com línguas integrantes à minha ignorância, a comunicação quase sempre foi falar de futebol. E sempre o primeiro nome foi Pelé. Foi assim que entendi: o Brasil só transmite ao estrangeiro esse ideal de alegria porque Pelé alegrou; o futebol só tem tanta popularidade porque Pelé o expandiu. Então, como brasileiro que fala de futebol, eu também só existo como tal por causa de Pelé. Fred Caldeira, jornalista esportivo brasileiro.

É o eterno embaixador do Brasil. Bruno Prado, jornalista esportivo brasileiro.

Pelé é o maior embaixador do futebol. Eu entendo as estatísticas e são incríveis as dele, como ou melhor a de muitos dos melhores de sempre. Só que ele passa muito acima de números. A paixão e o que ele mobilizou pra que fossem vê-lo jogar na África, centro América, América do Norte, nos grandes estádios europeus… todo mundo queria o Pelé perto pra aprender e pra admirar. E eu acho que essa é a imagem que vai ficar dele. E é isso que faz dele o rei. Marcelo Bechler, jornalista esportivo brasileiro.

A coisa mais bonita que Pelé produziu foi ele ser a nossa conexão com o mundo. Quando se fala lá fora que você é do Brasil, a primeira imagem que vem é a do Pelé. Renata Mendonça, jornalista esportiva brasileira.

O maior orgulho da minha carreira foi ter sido o último treinador do Pelé. Eu era técnico da Seleção do Brasil no jogo contra o Resto do Mundo, na partida que celebrava os 50 anos Dele, em Milão, em 1990. A humildade do Pelé era um absurdo. Na véspera, Ele veio treinar com a Seleção – como se precisasse... E Ele chegou a mim e falou: “professor, se tiver uma falta, eu posso bater”. O Pelé me chamando de professor... E ainda pedindo para bater uma falta... Eu falei: “Pelé, na sua festa de 50 anos, você me pergunta se você pode bater uma falta? Você sempre pode fazer tudo em campo, Pelé”. Paulo Roberto Falcão, o Pelé do Internacional e, ao lado de Totti, da AS Roma.

Eu substituí o Pelé pela Seleção no jogo dos 50 anos Dele em 1990 e joguei com a camisa Dele no Santos. Eu só fui pro Santos para jogar no time dele. Embora eu não tenha jogado nada lá, em 1994. Neto, Xodó da Fiel.

O Pelé é tão grande que gera recordação em todos. Eu tinha 9 anos quando jogou pelo Brasil na festa de 50 anos deles. Para mim foi o máximo ver o Pelé jogando. Gustavo Hoffman, jornalista esportivo brasileiro.

Pelé foi o maior de todos. Um homem negro e brasileiro. Isso nunca lhe será tirado. Isso nunca será tirado de nós. Alicia Klein, jornalista brasileira.

O futebol brasileiro hoje dorme na cama que ele arrumou. Miriam Bruno, torcedora brasileira, na TV Globo.

“Você quer ser jogador de futebol, filho? Então olhe aquele camisa 10 do Santos”. Era o meu pai falando de Pelé. Um dia eu falei: “eu vou vestir essa camisa”. E vesti em 2006-07. Você me inspirou como atleta e ser humano. Zé Roberto jogou duas Copas pelo Brasil.

Obrigado por ter mudado a minha vida. Fred, jornalista esportivo brasileiro.

Sem Pelé, nosso Nobel, Brasil fica menor, e o futebol, mais triste. Luís Augusto Símon, jornalista esportivo brasileiro.

Pelé foi o maior embaixador que o Brasil já teve e o maior embaixador de um esporte chamado futebol. Pelé já era mito e agora vira lenda! Thiago Uberreich, jornalista e escritor.

Infelizmente, vi poucas vezes o Pelé em campo. Mas pude trabalhar muito tempo ao lado dele. E constatar que ele era o mesmo craque como pessoa. Mauro Naves, jornalista esportivo brasileiro.

Rei do mundo, meu mentor, meu inventor, meu amor. Obrigado por ter mudado a minha vida e a de bilhões de pessoas. Você me inventou como jornalista esportivo. Milton Neves, o Pelé da apresentação de rádio.

A gente poderia ter feito mais, abraçado mais, ter visto mais o nosso Rei. Lembrando da música "Epitáfio", dos Titãs, fiquei pensando exatamente em como o Brasil poderia ter feito alguma coisa importante, mostrando mais reconhecimento a ele em vida. Casagrande, ex-atacante do Brasil na Copa de 1986.

Despedidas são difíceis. Há várias formas de encarar esse momento inevitável que passamos a vida fingindo poder evitar: a morte. Detesto julgamentos sumários. Mas a ausência quase completa de representantes dos campeões mundiais de 1994 e 2002 na despedida ao Rei Pelé uma decepção. Maurício Noriega, jornalista esportivo brasileiro.

Muito triste ver a pouca importância de atletas e ex-atletas com aquele que fez tudo ser possível. Gustavo Fogaça, jornalista esportivo brasileiro.

Na celebração ao mais célebre, as celebridades não foram. Mas o POVO BRASILEIRO estava lá. Mais de 230 mil pessoas. Ainda não sabemos dizer adeus e quando alguém nos deixa o que foi felicidade agora só será saudade. A quem não viu Pelé, veja. É melhor do que falar sobre Pelé. Paulo César Vasconcellos, jornalista esportivo brasileiro, depois do velório de 24 horas na Vila Belmiro.

Ele era rico, mas não ficava demonstrando riqueza. Ele era simples como o povo. Maria da Conceição, 74, torcedora brasileira, na TV Globo, entrevistada depois de uma hora e meia de fila no velório real, amparada por bengala para suportar as dores no joelho.

Esses dias finais de 2022 mostraram o que já parecia esquecido: que o Brasil é capaz. E que a reaparição fulgurante do legado de Pelé tenha se dado quase simultaneamente a este outro evento – a fuga, a bordo de um avião da FAB, do que o Brasil tem de pior – iluminou, com uma clareza que chega a cegar, aquilo que ainda podemos ser e aquilo que precisamos desesperadamente evitar. Pelé promete, sim, essa felicidade que ainda nos cabe cumprir. Nada está dado, tudo ainda é possível. É uma constatação que acelera o pulso, que causa euforia e explica uma noite de insônia durante a qual, de olhos fechados, alguém, num quarto escuro, com festa do lado de fora, compreende que Pelé é mesmo tudo o que dizem e conclui que, se ele é daqui, se foi um dos nossos, então o Brasil jamais estará perdido. João Moreira Salles, documentarista brasileiro.

Choremos no adeus, como no [filme] “Love story”. Amém. Nelson Rodrigues, em crônica lamentando a despedida de Pelé da Seleção, em 1971.

Eu achava que Messi era o melhor de todos os tempos - agora eu entendi que é o Pelé. John Carlin, escritor inglês, na edição especial de 12 páginas do jornal britânico, no day after da partida final de Pelé.

Pelé era nota 9,5 em tudo, por isso foi o verdadeiro "10", o camisa 10. Mauro Cézar Pereira, jornalista esportivo brasileiro.

Ninguém reuniu como ele as capacidades do drible e da velocidade, do chute com as duas pernas, do cabeceio preciso e fulminante, do jogo rasteiro e do jogo aéreo, do senso mágico do tempo de bola, do entendimento instantâneo do que sucedia à sua volta, tudo baseado numa constituição atlética vigorosa e rigorosamente equilibrada. Mesmo assim, o efeito-Pelé não se resume a uma soma, ainda que única, de habilidades quantificáveis. Um poeta e ensaísta observou que ele parecia arrastar o campo consigo, como uma extensão de sua pele, em direção ao gol adversário. José Miguel Wisnik, Pelé em tudo que faz.

É possível — mas convém estudar os autos com cuidado — que Beckenbauer tenha sido mais elegante, Garrincha mais driblador, Maradona mais habilidoso, Zidane mais calculista, Cruyff mais imprevisível, Zico melhor nas cobranças de falta. Pode-se defender num debate — embora a polêmica seja garantida — que o Fenômeno foi mais forte nas trombadas, Roberto Carlos mais mortal no chute de longe, Messi mais limpo no acabamento das jogadas, CR7 mais letal de cabeça. O que não está aberto à discussão é que nenhum jogador da história chegou perto de combinar tudo isso numa enciclopédia de recursos técnicos, físicos e anímicos como Pelé. Sérgio Rodrigues, escritor brasileiro, autor do livro que nem Pelé conseguiria escrever: “O Drible”.

A palavra Pelé não tem significado em nenhuma língua no mundo. Mas ela é compreendida em todo o planeta. Quando a gente ouve aquelas quatro letras, todos já sabem o significado: o maior de todos. Michel Laurence, um dos jornalistas esportivos mais queridos por Pelé.

Ele não é rei por hereditariedade. Seu reinado não é de força e nem de leis. Não foi eleito e nem designado, mas reconhecido como monarca dessa democracia que é o futebol. “France Football”.

Pelé - o sempre rei republicano. Carlos Drummond de Andrade, o Pelé da poesia brasileira.

Marcar mil gols como Pelé é fácil. Marcar um gol como Pelé é muito difícil. Carlos Drummond de Andrade.

Nunca haverá outro Pelé. Meus pais, dona Celeste e seu Dondinho, fecharam a fábrica e quebraram o molde. Pelé.

Eu fecho meus olhos e ainda posso ver minha primeira bola de futebol. Pelé.

Se eu disser que falta alguma coisa na minha vida, ou que eu pretendo que tenha mais alguma coisa, acho que Deus vai ficar muito triste comigo, porque ele já me deu muita coisa. Pelé

Pelé foi um privilegiado, né? Pelé.

Quando eu morrer, quero que meu velório seja no gramado da Vila Belmiro, onde tudo começou, e onde eu parei de jogar na partida contra a Ponte Preta, em 1974. Pelé, 1.116 jogos pelo Santos FC, 1.091 gols marcados, entre setembro de 1956 e outubro de 1974. Em 210 jogos na Vila, o Rei marcou 288 gols.

O Édson um dia vai morrer. O Pelé é eterno. Pelé.

Quando eu morrer, estarei realizado não pelo que conquistei, mas por sempre ter tentado fazer o meu melhor. Meu esporte me permitiu fazer tanta coisa na vida por ser o futebol o mais popular do mundo. Pelé.

Nunca haverá outro Pelé. Pelé.

Será que um dia irão me esquecer? Pelé, em 1990.

Mais Vistas