Por Mauro Beting
Depois de anos de desunião, desinteligências, polarização, intolerância, extremas ignorâncias e pessoas, golpes, atentados à democracia e ameaças institucionais feitas por presidentes, vices, candidatos de situação e de oposição até ao bom senso, autoridades, autoritários e torcedores de políticos e partidos, a república brasileira só jogou o mesmo jogo para prestar homenagem a um rei.
Pelé.
Mais uma partida divina Dele conseguiu fazer o Brasil torcer junto. Em 1970 Ele também conseguiu unir o grito de gol com o urro do torturado e dos terroristas das duas pontas. Em 2023 ele empossou o eleito e teria enxugado as poças de lágrimas do sucessor com o mesmo sorriso fácil.
Ele driblou o mundo e conseguiu ligar os pontos ganhos e até as pontas partidas.
Não é só rei. É mágico. Real. Pena que amanhã já voltamos ao normal. Falando mal e fazendo pior.
Não aprendemos em vida. Nem com a morte.
A única monarquia elogiável no país é história. Essa que insistimos em desconhecer. Ou enterrar com uma pá de cal. E vários picaretas do caos.
Mais de 230 mil foram se despedir de Pelé na Vila Belmiro. Com todas as camisetas e cores de clubes. Sem a excrescência da torcida única que institucionaliza a intolerância esportiva nos estádios paulistas desde 2016.
Mais uma goleada real.