O PSG precisa recomeçar do zero
Melancólica atuação na derrota por 3 a 0 para o Monaco indica que o PSG da temporada nunca foi um coletivo
Você sabe a diferença entre ser simples e ser simplista? Quem é simples consegue separar o que é realmente importante do que é perda de tempo ao buscar um objetivo. Já o simplista é quem deixa de lado pontos importantes para se chegar ao que se pretende. O projeto do Qatar no PSG é muito simplista e nada simples. Já são mais de dez anos gastando mais de um bilhão de euros e ignorando preceitos básicos para se atingir o sonho de ganhar a Champions League. Parece estar claro que esse projeto precisa recomeçar do zero, deixando o simplismo de lado e buscando a simplicidade.
O texto foi escrito após a melancólica atuação contra o Monaco, que venceu por 3 a 0 na manhã deste domingo, mas poderia ter vencido por muito mais. Um PSG sem pegada, sem compactação alguma e que não mostrou nenhum poder de reação. A sensação foi de que faltou também interesse em voltar no jogo. E era o time titular do PSG, só com a ausência de Messi, machucado. Mas esse desempenho grotesco não é a razão do texto, é consequência dele.
Após tanto tempo de desilusões, está bem claro que o PSG não vai ganhar a Champions League "por acaso". Sem um processo de futebol de verdade, em que a Champions não seja obsessão, mas consequência de temporadas sólidas, o risco de continuarmos vendo muito dinheiro incinerado e um festival de memes no primeiro semestre do ano é grande. E iniciar esse processo é muito mais do que seguir sendo uma máquina de moer treinadores e trocar jogadores.
É preciso questionar a forma como Nasser Al-Khelaïfi pensa o departamento de futebol do clube. A condução de Leonardo como diretor esportivo, apontado nos bastidores como alguém que contribuiu para um clima explosivo no vestiário, é outro foco de atenção. A escolha de um treinador que tenha uma forma definida de jogo e, principalmente, respaldo de verdade a ele é um pré-requisito sabido e até hoje não aplicado de verdade. Nesta temporada, a contratação de Donnarumma gerou um mal estar por causa de Navas, muito querido. Trazer Wijnaldum, atravessando a negociação com o Barcelona, parece que foi uma decisão feita à revelia do treinador, que o utilizou pouquíssimo na temporada. O número de lesões ao longo da temporada é outra questão que precisa ser investigada e entendida.
Para fazer diferente, o PSG vai ter que segurar a pressa por ganhar a Champions. Isso sim seria recomeçar do zero. Se esse processo não for instaurado de verdade, veremos o mesmo roteiro, só mudando o nome das estrelas contratadas com pompa no meio do ano e o técnico jogado aos leões em algum momento da temporada.